China amplia mercado de carbono e inclui setores de aço, cimento e alumínio
Nova fase da iniciativa climática cobre mais de 60% das emissões do país e busca corrigir falhas como baixa liquidez e participação limitada
247 – A China deu um passo decisivo em sua política ambiental ao anunciar a ampliação do mercado nacional de comércio de emissões de carbono, incluindo pela primeira vez três dos setores mais poluentes do país: aço, cimento e fundição de alumínio. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (26), durante coletiva do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente, conforme reportado por Zhao Xuan e Denise Jia, do site Caixin Global.
Com a entrada desses setores, o mercado passa a cobrir mais de 60% das emissões totais de dióxido de carbono da China, consolidando-se como o maior sistema de comércio de emissões do mundo em volume. A inclusão também representa uma expansão da complexidade e escala da plataforma, que até então se limitava ao setor elétrico, responsável por cerca de metade das emissões do país.
“Esses três setores emitem mais de 3 bilhões de toneladas equivalentes de CO₂ por ano — mais de 20% do total nacional”, destacou o porta-voz do ministério, Pei Xiaofei, durante a coletiva. “Essa expansão leva o mercado de carbono da China a um novo patamar.”
Além do dióxido de carbono, o sistema passará a negociar também gases de efeito estufa como tetrafluorometano e hexafluoroetano, ampliando ainda mais seu alcance regulatório.
Mais de 3.700 empresas abrangidas
Com a ampliação, cerca de 1.500 grandes emissores dos setores recém-integrados se juntarão às 2.200 empresas de energia que já participam do mercado desde seu lançamento, em julho de 2021. O objetivo da iniciativa é utilizar mecanismos de mercado para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono, alinhando-se à meta da China de atingir o pico de emissões antes de 2030 e a neutralidade de carbono até 2060.
Segundo o ministério, o sistema revisado permitirá refletir melhor o custo real do carbono, estimulando investimentos em tecnologias limpas e contribuindo para a correção de deficiências como baixo volume de negociação e participação restrita.
Implementação em duas fases
A ampliação será feita em duas etapas. Entre 2024 e 2026, o foco estará na capacitação das empresas e compreensão das regras de mercado. A partir de 2027, a prioridade será a melhoria da precisão dos dados e a plena ativação dos mecanismos de mercado.
Para evitar impactos abruptos no setor produtivo, o governo adotará uma política de alocação gratuita de permissões de emissão em 2024, com base nos níveis verificados de emissões de cada empresa. Nos dois anos seguintes, as permissões serão ajustadas de forma mais rigorosa, mas ainda neutras em termos de impacto financeiro, para garantir uma transição gradual.
Estímulo a novos mercados
As autoridades chinesas esperam que o mercado ampliado estimule novos setores econômicos, como verificação de emissões, consultoria em carbono e finanças verdes. O preço do carbono poderá, por exemplo, ser utilizado por empresas para obter crédito com base em compromissos climáticos, ou como garantia para financiamentos, além de permitir reinvestimentos em tecnologias limpas com os lucros obtidos nas negociações.
A ampliação do mercado de carbono é parte de uma estratégia maior da China para se posicionar como líder global na luta contra as mudanças climáticas, utilizando mecanismos de mercado para atingir metas ambientais sem comprometer o desenvolvimento industrial.
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