PF investiga secretário do RS por suspeita de desvio de verbas em enchentes históricas
Operação Lamaçal apura possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos da prefeitura de Lajeado durante a calamidade de 2024
247 - A Polícia Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta terça-feira (11) a Operação Lamaçal para investigar suspeitas de crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro no Rio Grande do Sul. A ação mira desvios de recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) repassados à cidade de Lajeado, no Vale do Taquari, após as enchentes de maio de 2024 — as mais severas já registradas no estado.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o principal alvo das investigações é o ex-prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, que governou o município entre 2017 e 2023 e atualmente ocupa o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do governo gaúcho. A PF apura contratos firmados durante sua gestão municipal, especialmente após a decretação do estado de calamidade pública. A reportagem do jornal tentou contato com Caumo, mas ele não atendeu às ligações.
Operação apreende veículos e bloqueia contas
Durante a ação policial, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e determinadas medidas cautelares, como o bloqueio de até R$ 4,5 milhões em ativos e a apreensão de 10 veículos. As diligências ocorreram em Lajeado, Muçum, Encantado, Garibaldi, Guaporé, Carlos Barbosa, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Porto Alegre.
Segundo o inquérito, há suspeitas de irregularidades em uma dispensa de licitação feita pela prefeitura de Lajeado para contratar serviços terceirizados, como psicólogos e assistentes sociais, sob a justificativa da urgência imposta pela calamidade. A PF identificou indícios de que a contratação direta pode ter sido feita sem a busca pela proposta mais vantajosa, com valores acima dos praticados no mercado. O total dos contratos investigados, de acordo com a reportagem, chega a aproximadamente R$ 120 milhões.
Governo gaúcho nega envolvimento do secretário
Em nota, o governo do Rio Grande do Sul afirmou que a apuração não tem relação com a atuação de Marcelo Caumo enquanto secretário estadual. “À época dos fatos relatados, Caumo atuava na administração municipal de Lajeado”, informou o comunicado. O governo também reiterou que está “à disposição para colaborar integralmente com a Polícia Federal, dentro do que for possível, respeitando o direito de defesa e o contraditório”.



