BNDES financia fábrica da Be8 no RS e Brasil passa a produzir glúten vital
Nova planta em Passo Fundo reduzirá dependência externa e produzirá 25,6 mil toneladas de glúten por ano, com foco em inovação e sustentabilidade
247 - O Brasil deixará de depender 100% da importação de glúten vital com a implantação de uma unidade industrial inédita da empresa Be8 em Passo Fundo (RS). O projeto receberá R$ 290,2 milhões em financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Programa BNDES Mais Inovação. A informação é da própria instituição financeira, que anunciou o apoio como parte dos objetivos da política industrial Nova Indústria Brasil, lançada pelo governo federal.
O glúten vital é um insumo extraído da farinha de trigo, com ampla aplicação na indústria alimentícia, além de ser utilizado em medicamentos e produtos de higiene pessoal, como cremes dentais e enxaguantes bucais. De acordo com o BNDES, a planta da Be8 contribuirá significativamente para agregar valor à cadeia produtiva nacional e fomentar a inovação tecnológica no setor.
“Esse projeto está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil de incentivar a inovação, agregar valor à produção nacional e reduzir gargalos históricos. Com essa planta pioneira financiada pelo Banco, o Brasil deixa de ser 100% dependente da importação de glúten e passa a ocupar um novo espaço estratégico na cadeia de trigo”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
A fábrica será construída em uma localização estratégica, próxima a cerca de 170 municípios que concentram mais da metade da produção de trigo do Rio Grande do Sul — estado que lidera o cultivo do cereal no país. A nova unidade terá capacidade para processar 525 mil toneladas de cereais por ano, o que deve estimular o cultivo de culturas de inverno na região.
Além da produção de glúten vital, a planta também será integrada a uma biorrefinaria em construção pela mesma empresa, que produzirá etanol a partir de cereais como trigo, triticale e milho. Essa integração entre as duas estruturas industriais permitirá otimizar custos operacionais e aproveitar subprodutos, como o farelo gerado na moagem do glúten, que será utilizado na produção de etanol.
De acordo com o diretor do BNDES, José Luis Gordon, o projeto representa um avanço na capacidade produtiva nacional. “É um insumo que era totalmente importado pela indústria brasileira e que agora poderemos suprir parte da demanda nacional e até mesmo exportar. A planta de produção de glúten contribuirá para o desenvolvimento tecnológico da indústria de alimentos e abrirá novas oportunidades de emprego qualificado no país”, ressaltou.
A previsão é de que a nova unidade crie 29 empregos diretos e cerca de 500 indiretos. A estimativa de produção anual é de 25,6 mil toneladas de glúten vital, além de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 153 mil toneladas de farelo DDGS, usado na indústria de ração animal.
Para o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, o projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a sustentabilidade. “Celebramos aqui mais uma etapa muito importante de um projeto que tem a marca registrada da inovação que a Be8 promove”, afirmou. Segundo ele, o novo parque fabril integra os conceitos de energia renovável e produção de alimentos. “Esse projeto confirma que esses dois desafios podem ser superados de forma conjunta.”
A produção da planta será destinada prioritariamente à indústria alimentícia nacional, mas há previsão de exportação para países da América do Sul, como o Chile. Dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) indicam que, em 2024, o Brasil importou quase 22,1 mil toneladas de glúten vital, principalmente de Áustria, China, Bélgica e Alemanha, que responderam por 66% do volume adquirido. Na América do Sul, apenas a Argentina possui alguma produção.
A Be8, empresa vinculada ao Grupo ECB, é a maior produtora de biodiesel do Brasil e uma das primeiras a receber o Selo Biocombustível Social do Ministério da Agricultura. A companhia tem cerca de 40% da sua matéria-prima oriunda de agricultores familiares inscritos no Pronaf. Sua sede é em Passo Fundo, com escritórios em São Paulo, Cuiabá, Genebra e Dubai, e unidades industriais em seis estados brasileiros, além de operações no Paraguai e na Suíça.
Com a nova planta e a biorrefinaria integradas, a Be8 reforça seu protagonismo no setor de biocombustíveis e alimentos, alinhando seus investimentos às metas de inovação, sustentabilidade e fortalecimento da indústria nacional.
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