Sob comando de Ramagem, Abin paralela foi usada para espionar o ex-governador Wilson Witzel, revela PF
Relatório aponta que estrutura clandestina na Abin, sob comando de Alexandre Ramagem, monitorou Witzel e aliados a serviço do grupo de Bolsonaro
247 - A Polícia Federal concluiu que a chamada “Abin paralela”, estrutura clandestina montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi usada para espionar ilegalmente o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. O relatório final do inquérito, divulgado pelo Globo, aponta que a ação foi coordenada pelo então diretor-geral do órgão, Alexandre Ramagem, com fins políticos e em benefício do grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a PF, a Abin recrutou uma “fonte humana” vinculada ao escritório político do PSC, partido ao qual Witzel era filiado, com o objetivo de monitorar de forma clandestina o ex-governador e seus aliados. A espionagem ilegal também teve como alvo o então procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem. Anotações apreendidas pela Polícia Federal e atribuídas a Ramagem indicam que a infiltração tinha por finalidade acompanhar os passos de opositores e abastecer o núcleo político bolsonarista com informações sigilosas.
“O colaborador teria sido recrutado para fins políticos com o objetivo de monitorar de forma clandestina opositores como Witzel e Gussem junto ao grupo político vinculado ao Presidente da República”, registra o relatório da PF. Em troca, o informante foi recompensado com um cargo público: assessor técnico do Gabinete Regional da Presidência da República no Rio, nomeado em 17 de março de 2020.
A PF afirma que o caso é emblemático do uso indevido da estrutura do Estado para fins eleitorais e de perseguição política. A atuação da Abin, segundo o relatório, “configura o uso indevido da máquina estatal, com infiltração deliberada em partidos adversários sob pagamento com cargo público — sem qualquer finalidade institucional”.
Entre as informações repassadas pela fonte infiltrada, a PF destaca que o grupo político liderado pelo pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC, articulava o fortalecimento da legenda para lançar Wilson Witzel como candidato à Presidência da República. Essa movimentação teria motivado a ação da Abin paralela, com o objetivo de neutralizar adversários políticos.
Indiciado no inquérito que investigou o caso, o deputado Alexandre Ramagem reagiu às conclusões da PF com críticas. “A investigação da PF descambou. Revelou-se apenas criatividade endereçada à imprensa; vontade da Abin de não ter controle; uma PF desestruturando a inteligência de Estado; e, ao final, rixa política interna contra a administração de Lula na Abin”, escreveu em publicação na rede social X.
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