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PF aponta ex-deputado TH Jóias como operador financeiro do Comando Vermelho

Investigação revela que TH Jóias operava câmbio de milhões, lavava dinheiro e recebia apoio de aliados políticos e policiais

Ex-deputado TH Jóias aparece deitado sobre milhões em dinheiro, conforme imagens da Polícia Federal (Foto: Reprodução/Relatório MPF)

247 - A Polícia Federal concluiu que o ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, não atuava apenas como braço político do Comando Vermelho (CV), mas integrava o chamado “Núcleo de Liderança” da facção criminosa, segundo informações divulgadas neste sábado (6) pelo jornal O Globo. Ele também é acusado de intermediar a compra e venda de armas e de atuar como operador financeiro do grupo.

De acordo com a investigação, TH participou de “múltiplas operações de câmbio” realizadas com recursos provenientes do tráfico de drogas. Em abril do ano passado, ele teria sido chamado por Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, para converter R$ 5 milhões em dólares. Uma imagem obtida pelos agentes mostra TH deitado em uma cama coberta por cédulas, enquanto diálogos interceptados confirmam que o dinheiro pertencia a Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, líder do CV no Complexo do Alemão.

Ainda segundo a PF, o assessor de TH, Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, retirou R$ 1,02 milhão para trocar em uma casa de câmbio em Copacabana, enquanto o restante foi levado para a casa do ex-deputado na Barra da Tijuca. Pelas operações, TH teria lucrado cerca de R$ 50 mil. Na época, ele ainda não ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio, cargo que assumiu em junho de 2024 e perdeu na quarta-feira seguinte à sua prisão.

A investigação aponta que, em outra operação de câmbio realizada um mês depois, TH recebeu mais R$ 4 milhões, mas não teria devolvido a quantia total, usando parte do dinheiro, segundo a PF, para custear um chá revelação com Dudu. O relatório da polícia também indica indícios de lavagem de dinheiro: “Foi possível identificar indícios de lavagem de dinheiro, essencial para a manutenção e a expansão da organização criminosa. Os investigados, rotineiramente, transacionam centenas de milhares e até milhões de reais em dinheiro vivo para evitar o sistema de controle financeiro e branquear os proventos do crime”.

TH e Luiz Eduardo foram presos na última quarta-feira, enquanto Pezão segue foragido. A operação também deteve o delegado federal Gustavo Stteel, acusado de fornecer informações sigilosas aos traficantes. A investigação revelou mensagens de TH destinadas a Stteel, incluindo pedidos de ingressos para a Sapucaí, nos quais o ex-deputado se referia ao delegado como “irmão”.

Além disso, o ex-subsecretário de Defesa do Consumidor Alessandro Pitombeira Carracena é apontado como outro elo político do CV. Ele teria avisado os criminosos sobre operações policiais, permitindo que Pezão e Índio escapassem em ações anteriores. O relatório da PF descreve Carracena como “a célula jurídica da agremiação criminosa” e ressalta que ele teria recebido vantagens indevidas regularmente para fornecer informações sigilosas.

Ainda de acordo com a investigação, Carracena buscou interferir para remover a unidade do Batalhão de Choque (BPCHQ) da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, que foi transferida em junho de 2024 para o comando do 18º BPM (Jacarepaguá). A Polícia Militar, em nota, afirmou que a transferência “baseou-se, única e exclusivamente, em questões de ordem técnica e administrativa”.

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