Condomínio fantasma afunda no Rio e vira cemitério clandestino para desova de corpos
Estrutura abandonada há décadas ameaça ruir sobre solo instável e moradores denunciam que milícia a utiliza como local de desova
Um conjunto de 15 prédios de dez andares, idealizado nos anos 1970 pela extinta Delfin Imobiliária, permanece inacabado em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, há mais de quatro décadas. O empreendimento — que visava erguer 16 mil unidades habitacionais — foi abandonado quando o financiamento do Banco Nacional de Habitação (BNH) foi extinto, deixando uma estrutura que hoje afunda lentamente sobre solo de turfa. As informações são do jornal O Globo.
Especialistas alertam que a sobrecarga dos prédios sobre o solo orgânico, altamente compressível e sujeito a recalques acentuados, causa afundamentos que chegam a 6,3 cm por ano, conforme estudos recentes da Universidade Tecnológica de Nanyang. Segundo o engenheiro Juliano de Lima, “o solo se comporta como uma esponja cheia de água… e o material reduz de volume causando o afundamento”.
Moradores de Rio das Pedras relatam que a portaria e o primeiro andar dos prédios estão submersos, restando apenas os pavimentos superiores acessíveis. “Ali virou cemitério clandestino, lugar de desova”, afirma um morador que preferiu não se identificar. Segundo ele, o acesso é difícil, cercado por vegetação densa e isolado por um curso de água que separa o local da comunidade.
A Polícia Civil confirmou a existência de investigações em curso — em 2023, foram encontrados três corpos no local, sob responsabilidade da Delegacia de Descoberta de Paradeiros. A área é considerada de risco e vem sendo monitorada periodicamente.
Urbanistas também apontam a impossibilidade de instalação de infraestrutura básica (como esgoto, redes de água e energia), em razão do tipo de solo. Tentativas de ocupação foram registradas no início dos anos 1990, quando cerca de seis mil pessoas, em sua maioria de Rio das Pedras, ocuparam os prédios por falta de alternativas habitacionais — mas sem qualquer condição mínima de habitabilidade.
A prefeitura do Rio declarou que o terreno é particular, sem licença válida para obras, e que não há, até o momento, nenhum projeto oficial de reocupação ou demolição. Moradores cobram a ação imediata do poder público diante da deterioração acelerada da estrutura.
O cenário, mais do que um símbolo de especulação imobiliária fracassada, tornou-se também um foco de violência e risco para os moradores da região. O que restou do sonho habitacional da Delfin transformou-se em ruína concreta — ameaçando desaparecer por completo, conforme alertam moradores e especialistas.
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