Com Lula em ampla vantagem, Tarcísio reafirma que buscará reeleição em São Paulo e adia definição sobre disputa presidencial
Após encontro com Bolsonaro em Brasília, governador reforça que buscará novo mandato, mas aliados ainda o veem como opção para 2026
247 - Após semanas de sinais contraditórios, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a afirmar que pretende disputar a reeleição em 2026, adiando, ao menos por ora, a definição sobre uma eventual candidatura presidencial. A movimentação ocorre depois de ele articular o projeto de anistia no Congresso, prometer indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamando-o de “tirano” em ato na Avenida Paulista. Os gestos, interpretados como ensaios de uma pré-campanha nacional, haviam aumentado a pressão sobre o futuro político do governador.
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, a reafirmação da candidatura à reeleição foi feita na última segunda-feira (30), em Brasília, após Tarcísio deixar o condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar. O encontro havia alimentado a expectativa de que o ex-presidente, inelegível, declararia apoio imediato a uma postulação presidencial do governador, o que não ocorreu. Apesar disso, Bolsonaro já admitiu a interlocutores próximos que não se oporia a essa alternativa no futuro.
A indefinição do governador paulista provoca um “efeito cascata” dentro da direita, com reflexos diretos sobre a corrida sucessória em São Paulo. Enquanto líderes do Centrão defendem a antecipação da escolha de um candidato para a Presidência ainda em 2025, uma longa lista de aliados e possíveis sucessores espera a palavra final de Tarcísio. Entre os nomes cogitados para disputar o Palácio dos Bandeirantes, caso ele opte por concorrer ao Planalto, estão o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL); o secretário de Segurança, Guilherme Derrite (PP); o vice-governador Felício Ramuth (PSD) e até o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Estratégia e cenário eleitoral
Entre aliados, há quem enxergue a postura do governador como uma manobra para reduzir ataques vindos da esquerda e também do próprio bolsonarismo, sobretudo da ala liderada por Eduardo Bolsonaro (PL).
Pesquisas de opinião reforçam que, em uma disputa pela reeleição em São Paulo, Tarcísio parte de uma posição favorável. Levantamento Genial/Quaest, divulgado em agosto, mostrou o governador com 43% das intenções de voto, seguido de Geraldo Alckmin (PSB), com 21%. Já em cenários presidenciais, ele aparece bem atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que mantém vantagem expressiva. Em simulações de primeiro turno, o petista chega a marcar 40%, contra no máximo 20% do paulista.
Para o cientista político Carlos Melo, do Insper, ouvido pelo Globo, a equação que pesa sobre Tarcísio envolve risco e conveniência. “Se a eleição fosse hoje, o Tarcísio não seria candidato, mas a eleição não é hoje”, destacou. Ele acrescenta que abrir mão da reeleição para disputar a Presidência e perder significaria “acabar com a carreira política” do governador.