Juíza não teve estômago para assistir a vídeo de 61 socos, desabafa vítima de ex-atleta
Juliana Garcia dos Santos quebrou ossos de maxilar, bochecha, nariz e boca. Ela também machucou um dos olhos
247 - Agredida com 61 socos pelo ex-namorado dentro de um elevador, em Natal (RN), Juliana Garcia dos Santos afirmou que a juíza não assistiu à íntegra das imagens da violência durante a audiência de custódia. A Justiça manteve a prisão de Igor Eduardo Cabral. Ela sofreu fraturas no rosto - quebrou ossos de maxilar, bochecha, nariz, boca e machucou um dos olhos. Com dificuldades para comer e respirar, a vítima precisará passar por uma cirurgia, mas só quando os sintomas diminuírem. Amigos e familiares fizeram uma “vaquinha” para ajudar no tratamento de Juliana. A meta da campanha é alcançar R$ 70 mil. Mais de R$ 60 mil já foram doados por mais de 1.400 pessoas. Preso desde o último sábado (26), o agressor responderá por tentativa de feminicídio.
"A juíza não teve estômago para ver o vídeo todo que está sendo veiculado nas redes sociais", declarou Juliana à RecordTV. "Ele já havia me empurrado antes, já havia cometido muita violência psicológica, isso era muito recorrente. Em rede social, ele já chegou a me expor e a falar exatamente o contrário do que eu era".
Na entrevista, Juliana disse que o ex-namorado era ciumento e a destratava com frequência. "Ele me culpava pelas coisas que ele fazia e me tratava de uma maneira muito rude na frente de todo mundo. Isso nunca foi um segredo. Mas eu não pensava que isso poderia acontecer, um atentado contra a minha vida".
A vítima disse estar decepcionada e que, durante a agressão no elevador, Igor falou que a mataria. "Ele disse que eu ia morrer e começou a me bater. Eu não apaguei, mas também não estava consciente o suficiente para me lembrar o que ele falou naquele momento".
A mulher agredida afirma querer distância de Igor e aconselhou outras mulheres que sofrem violência a ficarem atentas. "É não deixar de ficar em alerta e, em qualquer sinal, ir embora e não voltar mais".
Ex-atleta profissional de basquete, o agressor disse que teve um "surto claustrofóbico" no elevador.
Quadro nacional é preocupante
Dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública na última quinta-feira (24) revelam que o país atingiu os maiores índices de violência sexual e feminicídios desde o início dos registros. Em 2024, foram contabilizados 87.545 casos de estupro e estupro de vulnerável, mais que o dobro do número registrado em 2011, quando começou a série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O ano de 2024 também marcou o maior número de feminicídios desde a criação da tipificação penal em 2015, com 1.492 vítimas - equivalente a quatro mortes diárias. Embora as Mortes Violentas Intencionais (MVI) tenham caído 5,4%, os feminicídios aumentaram 0,7%, atingindo taxa de 1,4 por 100 mil mulheres.
Perfil das vítimas e agressores
- Raça: 63,6% das vítimas eram negras
- Faixa etária: 70,5% tinham entre 18 e 44 anos
- Local: 64,3% dos crimes ocorreram na residência
- Autoría: 97% dos agressores eram homens, sendo 80% parceiros ou ex-parceiros
- Tentativas: Casos de feminicídio frustrado subiram 19% (3.870 registros)
Violência sexual em ascensão
Dos 11 indicadores de violência sexual monitorados, sete apresentaram crescimento:
- Estupro (ambos os sexos): 87.545 casos em 2024 (recorde histórico)
- Estupro de vulnerável: 76,8% do total
- Pornografia sem consentimento: maior alta (13,1%)
Características dos crimes sexuais
- 55,6% das vítimas eram mulheres negras
- 65% dos casos ocorreram em residências
- 45,5% dos agressores eram familiares
- 20,3% eram parceiros ou ex-parceiros
Os dados indicam que, em 2024, uma mulher foi estuprada a cada seis minutos no Brasil. O relatório destaca ainda que, em 18 estados com informações disponíveis, aproximadamente 9% dos feminicídios foram seguidos pelo suicídio do agressor.
Outras formas de violência contra a mulher também tiveram aumento significativo:
- Stalking (perseguição): +18,2%
- Violência psicológica: +6,3%
As estatísticas revelam a persistência de padrões estruturais na violência de gênero no país, com maior vulnerabilidade de mulheres negras e jovens em ambientes domésticos.
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