ExpoCannabis 2025, em São Paulo, projeta atrair recorde de público na maior feira do setor na América Latina
De 14 a 16 de novembro, a São Paulo Expo sedia evento, cujo tema este ano é "Cultivar para Florescer", revelou a CEO da ExpoCannabis Brasil, Larissa Uchida
247 - A expectativa é histórica: a ExpoCannabis 2025 deve atrair 45 mil visitantes em três dias de evento em São Paulo, segundo a CEO da megafeira, Larissa Uchida.
O anúncio foi feito na última semana pela executiva, em encontro organizado pela cônsul-geral do Uruguai em São Paulo, Soledad Britos, com jornalistas na sede da representação do país, pioneiro na regulamentação da cannabis. O evento demonstra o papel estratégico da diplomacia uruguaia para ampliar pontes comerciais com o Brasil em setores de alto potencial econômico e social.
O lançamento ocorre em um momento decisivo para o mercado brasileiro. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o porte de cannabis para uso pessoal em quantidades de até 40 gramas. Apesar do avanço, especialistas alertam que a regulamentação definitiva ainda depende de ajustes e pode encontrar entraves políticos e econômicos. Enquanto isso, o setor vislumbra a formação de cadeias produtivas de alto valor agregado, que vão além do uso recreativo, incluindo aplicações industriais, medicinais e sociais. No Uruguai, modelo de referência na região, o atual governo do presidente Yamandú Orsi busca modernizar ainda mais a política de drogas, enfrentando algumas contradições que persistem no país.
O evento de apresentação contou também com a presença da cofundadora da ExpoCannabis Uruguai, Mercedes Ponce, da CEO da Kaya Mind, Maria Eugenia Riscala, do cofundador da mesma empresa, Thiago Cardoso, além de representantes do setor.
Exemplo a ser seguido
A cônsul-geral abriu o encontro anunciando o lançamento da feira e destacando a trajetória virtuosa do país vizinho. “O objetivo é promover o conhecimento da cannabis no Brasil. Por meio de políticas públicas, o Uruguai se tornou um grande exportador de cânhamo, com forte industrialização, por meio de investimento estrangeiro”, afirmou.
Desafios regulatórios
Ponce apresentou uma série de dados sobre a regulação do setor em seu país. “No Uruguai, existe o mercado recreativo, o medicinal e o industrial. Com a regulação se assentando, há uma diminuição na prevalência do consumo. A idade média de início de consumo passou a 20,1 em 2024 de 18,9 em 2006. Os indicadores apontando o uso problemático da cannabis se manteve praticamente no mesmo nível. Redução do narcotráfico clássico de 58,12% em 2014 a 6,7% em 2024. A estratégia é competir com preços baixos para acabar com o tráfico".
Ela, no entanto, reconheceu as contradições ainda presentes no modelo uruguaio. “Nas farmácias, se compra o recreativo, porém com registros para cidadãos, e não há uso medicinal. Hoje no Uruguai não existe o turismo canábico por conta disso, mas umas das mudanças que o governo atual está promovendo aberturas nesse sentido", disse.
"Risco Brasil"
Já no Brasil, os riscos para o processo de regulamentação foram apontados por Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind.
“Não podemos descartar o ‘Risco Brasil’, como os lobbies que podem prejudicar a regulamentação. Precisamos também engajar mais a população e os múltiplos interesses na cannabis", disse.
Ao mesmo tempo potencial econômico foi destacado por Thiago Cardoso, cofundador da mesma consultoria. “326 mil empregos informais e formais podem ser gerados contando com uma regulamentação ampla. O potencial de exportação de cânhamo é de 4,9 bilhões de reais no Brasil, mas as condições ainda não estão dadas para isso", disse.
Ele acrescentou que a cannabis pode oferecer alternativa ao agronegócio tradicional e frisou que "o mercado não deve ser elitizado". “O retorno líquido do cânhamo é de 20 reais por hectare, enquanto o da soja é 3 reais.”
Projeção histórica
Para Uchida, a regulamentação da decisão do STF deve ser concluída em breve, o que permitirá uma edição histórica em novembro. “No final deste mês e espera-se, portanto, um evento histórico em novembro, cujo tema será ‘Cultivar para Florescer’", disse.
Ela destacou a importância de consolidar o evento como referência na América Latina. “A expectativa de público é de 45 mil pessoas em 3 dias, tornando-se a maior feira de cannabis da América Latina", disse.
A executiva também ressaltou as diferentes áreas que podem se beneficiar da cadeia produtiva sustentável. “A cannabis está totalmente de acordo com a Agenda 2030 da ONU", disse. “Não é só saúde, é indústria", acrescentou.
Uchida enfatizou ainda os compromissos ambientais assumidos pela ExpoCannabis Brasil. “O cultivo de cannabis serve como crédito de carbono--somos a primeira empresa que fez isso no Brasil", disse.
A ExpoCannabis 2025 acontece entre os dias 14 e 16 de novembro, na São Paulo Expo. Na véspera, em 12 de novembro, será realizado o Cannabis Business Hub, encontro voltado à conexão entre empresas e investidores do setor.
