Planalto calcula que 14 ministros devem permanecer até o fim do mandato de Lula
Levantamento mostra que 36,8% do gabinete seguirá até 2026, enquanto maioria deixará cargos para disputar eleições municipais e estaduais
247 - O Palácio do Planalto já tem um mapa da permanência e da saída de integrantes do primeiro escalão do governo. Segundo apuração da coluna Painel, Folha de S.Paulo, 14 dos 38 ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem permanecer em seus cargos até o fim do mandato, em dezembro de 2026. O número representa 36,8% do total da Esplanada. A maioria, no entanto, prepara-se para deixar as funções até abril de 2026, prazo final de desincompatibilização para quem pretende disputar as próximas eleições.
Entre os que permanecerão até o fim, destacam-se figuras políticas do PT e nomes de perfil técnico. O ministro da Educação, Camilo Santana, e o titular do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, foram eleitos senadores em 2022 e têm mandato até 2030, o que lhes garante tranquilidade política para seguir no governo. Já Alexandre Padilha, à frente da Saúde, prefere adiar qualquer projeto eleitoral e aposta em uma eventual candidatura à prefeitura de São Paulo apenas em 2028.
Outro aliado estratégico é o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB). A expectativa dentro do governo é que ele seja novamente candidato a vice na chapa de Lula em 2026, repetindo a fórmula que consolidou a aliança PT-PSB na eleição passada.
Também permanecerão nomes de perfil técnico que descartam disputar cargos eletivos, como Márcia Lopes (Mulheres), Esther Dweck (Gestão), general Marcos Amaro (GSI), Jorge Messias (AGU), Vinicius Carvalho (CGU), Frederico Siqueira (Comunicações), Margareth Menezes (Cultura), Ricardo Lewandowski (Justiça) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Há ainda situações particulares. O ministro da Defesa, José Mucio, havia sinalizado a Lula que ficaria apenas até o fim de 2024 para dedicar-se à família. Entretanto, parou de tocar no assunto com o presidente, o que gerou expectativa de que estenda a permanência até 2026. No Planalto, há quem considere importante sua continuidade para consolidar a pacificação das Forças Armadas após a crise política gerada pela tentativa de golpe.
Outro caso singular é o do ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira. Ele não pretende disputar eleições, mas deve deixar o cargo em meados de 2026 para comandar o marketing da campanha de Lula à reeleição.
A grande incógnita dentro do governo, contudo, atende pelo nome de Fernando Haddad. O ministro da Fazenda tem dito a interlocutores que gostaria de permanecer no posto até o fim do mandato, mas o PT avalia lançá-lo como candidato ao governo de São Paulo ou ao Senado em 2026.
Com as saídas previstas, a tendência de Lula é substituir os ministros candidatos por secretários-executivos das pastas, que atuariam em regime tampão até o fim do mandato.