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Alcolumbre insiste em Pacheco e dificulta aprovação de Messias no STF

Presidente do Senado mantém apoio ao colega mineiro e adia articulação de Lula sobre indicação de advogado-geral da União

Davi Alcolumbre (Foto: Agência Câmara )

247 - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem deixado claro que seu esforço será pela indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao Supremo Tribunal Federal (STF), e não pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, preferido do presidente Lula (PT), segundo informações da Folha de S.Paulo.

A indefinição em torno da indicação do STF tem mantido Pacheco em compasso de espera, sem decidir sobre seu futuro político e travando negociações sobre um possível novo partido para disputar o governo de Minas Gerais em 2026 — candidatura estimulada por Lula para garantir palanque no estado.

Reservadamente, senadores avaliam que Alcolumbre não deve atuar nem para favorecer nem para atrapalhar Messias. Eles consideram improvável que o presidente do Senado siga a estratégia de esticar a sabatina como ocorreu em 2021 com André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro, quando o processo durou meses.

A posição de Alcolumbre foi transmitida pessoalmente a Lula durante reunião no dia 20 de outubro. O presidente do Senado afirmou que não poderia trabalhar a favor de Messias porque “o sentimento dele ao fazer isso será o de traição a um amigo — Pacheco”.

Apesar da amizade entre os dois senadores, parlamentares reforçam que Pacheco conta com amplo apoio na Casa. “Não é só o presidente do Senado que quer que o mineiro seja o próximo ministro do STF”, afirmam dois nomes importantes do Senado, sob condição de anonimato. Eles garantem que poderão votar a favor de Messias, mas não mobilizarão outros senadores para fazê-lo.

Para integrantes do Congresso, Lula precisa compreender que, pela primeira vez na história, o Senado tem a oportunidade de ter um ex-presidente da Casa no Supremo. Um líder político observa que o presidente não indicaria Messias se não fosse pela aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.

A situação política de Pacheco em Minas Gerais também é citada como fator determinante. Embora o senador ainda não tenha decidido se concorrerá ao governo estadual, o PSD definiu que o candidato será Matheus Simões, vice-governador de Romeu Zema (Novo).

Aliados de Pacheco sugerem que ele use o episódio como trunfo na disputa pelo STF e evite procurar outro partido neste momento. Interlocutores admitem que o senador não negociará filiação antes que Lula formalize sua indicação.

Senadores da base ainda comentam a dificuldade do PT em garantir palanque em Minas Gerais nas eleições de 2026. Para eles, a ausência de candidatos de centro ou esquerda dispostos a apoiar Lula não é responsabilidade de Pacheco, que, segundo colegas, já deixou claro não ter interesse em disputar o governo.

Auxiliares do presidente avaliam que a resistência do Senado à indicação de Messias deve durar apenas até a formalização do nome. O advogado-geral da União, segundo eles, entende a mobilização e mantém-se sereno.

Originalmente, Lula pretendia indicar Messias antes de viajar à Ásia, mas após a reunião com Alcolumbre optou por adiar o anúncio. Fontes próximas afirmam que o presidente ainda deseja conversar pessoalmente com Pacheco, incluindo temas ligados à eleição do próximo ano.

O ministro Barroso, que poderia permanecer no STF até 2033, decidiu se aposentar em 9 de outubro, abrindo a vaga. O próximo presidente da República terá a oportunidade de indicar três ministros adicionais, já que Luiz Fux, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes atingirão a idade máxima para permanência em 2028, 2029 e 2030, respectivamente.

A chamada “PEC da Bengala”, aprovada pelo Congresso em 2015, aumentou a idade de aposentadoria compulsória de 70 para 75 anos, em retaliação à ex-presidente Dilma Rousseff, que não conseguiu indicar outros cinco ministros do STF.