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Brasil precisa tornar sua energia limpa também competitiva, defende André Passos

Presidente da Abiquim afirma que indústria perde espaço por conta do alto custo energético e cobra políticas públicas com contrapartidas efetivas

(Foto: Log Produções)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante a celebração do Dia da Indústria, realizada na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, com apoio do Brasil 247, da TV 247 e da Agenda do Poder, o presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), André Passos, fez uma análise contundente sobre os principais desafios enfrentados pelo setor produtivo nacional, em especial diante da crise climática global e da escalada protecionista nas relações comerciais internacionais.

“Embora tenhamos a matriz energética mais limpa do mundo, o Brasil tem feito a tarefa pela metade. Ao mesmo tempo em que oferece energia limpa, ela é extremamente cara, o que inviabiliza a competitividade da nossa indústria”, afirmou Passos. A declaração foi feita durante painel que contou também com a presença de autoridades como o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Elias Rosa, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

Matriz limpa, mas onerosa

Passos destacou que mais de 80% da eletricidade brasileira é gerada a partir de fontes renováveis, o que faz da matriz elétrica nacional a mais limpa do mundo. Quando se considera toda a matriz energética (incluindo transporte e indústria), cerca de 50% também vem de fontes renováveis – um índice muito superior ao da média mundial. Contudo, essa vantagem ambiental esbarra nos altos custos praticados internamente.

“A indústria brasileira, especialmente a química, que é grande consumidora de energia, não consegue competir internacionalmente com essa estrutura de custos”, afirmou. Segundo ele, atualmente, cerca de 50% de todos os produtos químicos consumidos no Brasil já são importados. “É uma indústria estratégica, que emprega 2 milhões de pessoas e é a maior arrecadadora de tributos da indústria de transformação”, reforçou.

Gás e etanol como vetores da transição

O dirigente da Abiquim ressaltou a importância do gás natural como insumo de transição para uma matriz energética mais competitiva. “Estamos trabalhando com a Petrobras para viabilizar esse vetor, que é essencial para tornar a indústria mais competitiva”, declarou.

Passos também defendeu o uso de matérias-primas renováveis, como o etanol, não apenas como combustível, mas também como base da produção industrial. “O Brasil é líder mundial na produção de químicos a partir do etanol, com 300 mil toneladas/ano. O segundo país nessa lista não chega a 20 mil. Precisamos ampliar esse uso”, destacou.

Política industrial com contrapartidas

O executivo aproveitou a ocasião para defender uma reformulação qualificada do gasto tributário no Brasil, estimado em cerca de R$ 500 bilhões. “Ele não tem que ser extinto, mas sim repensado para gerar resultados concretos”, argumentou. Citou como bons exemplos o Regime Especial da Indústria Química e o programa Mover, voltado ao setor automotivo, ambos estruturados com contrapartidas de investimentos.

“Só nos últimos seis meses, tivemos mais de R$ 1 bilhão aprovados para a indústria química”, afirmou. Para ele, os incentivos devem ser acompanhados de exigências de investimento, produção e geração de emprego, com monitoramento transparente e resultados mensuráveis.

Confiança no caminho

Passos encerrou sua fala com um tom otimista, destacando que o Brasil já começou a reconstruir instrumentos de política industrial. “Estamos no caminho certo. Precisamos não parar, precisamos aprofundar, porque os resultados já estão vindo e continuarão a vir”, concluiu.

A fala de André Passos integra uma série de reflexões apresentadas durante o evento do Dia da Indústria, que reuniu representantes do governo, da indústria e da sociedade civil para debater os rumos do Nova Indústria Brasil e a importância da reindustrialização com sustentabilidade e competitividade. Assista:

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