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Texas acelera redesenho eleitoral apoiado por Trump para blindar maioria republicana

Novo mapa de distritos da Câmara busca virar cinco cadeiras dos democratas e desencadeia guerra nacional de redistritamento

O representante estadual Matt Morgan (R-TX) segura um mapa dos novos distritos eleitorais propostos no Texas, durante uma sessão legislativa enquanto os legisladores democratas, que deixaram o estado para negar aos republicanos a oportunidade de redesenhar os 38 distritos eleitorais do estado. (Foto: REUTERS/Sergio Flores)

247 - O Legislativo do Texas iniciou nesta quarta-feira (20) a votação de um novo mapa eleitoral que pode virar até cinco cadeiras atualmente ocupadas por democratas na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. A medida, segundo a agência Reuters — fonte original da informação —, é resultado de um raro processo de redistritamento no meio da década, impulsionado pelo atual presidente norte-americano, Donald Trump, com o objetivo de consolidar a apertada maioria republicana em Washington.

A proposta deve ser aprovada com facilidade pela Câmara estadual, onde os republicanos dominam há mais de 20 anos, e depois precisa ser conciliada com a versão do Senado texano. O plano redistribui eleitores conservadores em distritos hoje democratas e funde áreas controladas pela oposição, em uma estratégia de gerrymandering que já desencadeia reações em outros estados. Na Califórnia, o governador democrata Gavin Newsom articula um redesenho para tentar conquistar cinco cadeiras republicanas.

Críticas da oposição

Durante o debate, o deputado democrata Chris Turner apresentou emenda para derrubar a proposta, sem sucesso, e classificou o projeto como “um mapa do Congresso ilegal e racialmente discriminatório”. Em plenário, acrescentou: “Este órgão não tem o direito de aprová-lo. Isso é sem precedentes e é errado”.

Os republicanos defendem que o redesenho fortalecerá seu desempenho eleitoral e aumentará o número de distritos de maioria hispânica. Eles também admitem que a intenção é ampliar o poder político do partido — uma declaração feita abertamente por lideranças republicanas e pelo próprio Trump. Atualmente, os republicanos controlam 25 das 38 cadeiras federais do estado.

Conflito e retaliações

A votação ocorre após duas semanas de paralisação, quando dezenas de democratas deixaram o estado para derrubar o quórum. Em resposta, os republicanos moveram processos, emitiram ordens de prisão e acionaram a polícia para forçar o retorno dos colegas. A pressão resultou no retorno da oposição nesta semana. Para evitar nova fuga, a liderança republicana determinou escolta policial de parlamentares democratas; a deputada Nicole Collier chegou a passar a noite no Capitólio para não ser acompanhada pela polícia.

Guerra de mapas nos EUA

A ofensiva texana reflete uma disputa nacional. Estados republicanos como Ohio, Flórida, Indiana e Missouri já avançam em planos de redesenho, enquanto estados democratas, como Maryland e Illinois, estudam estratégias semelhantes. A prática de revisar mapas fora do ciclo do Censo — que ocorre a cada dez anos — é incomum, mas ganha força diante da disputa acirrada por cada cadeira na Câmara.

Grupos democratas e organizações de direitos civis afirmam que o novo mapa dilui a força do voto de minorias raciais, violando a legislação federal, e prometem acionar os tribunais. O pano de fundo é a maioria apertada conquistada pelos republicanos em 2024, com apenas três cadeiras de vantagem. Historicamente, o partido do presidente perde terreno nas eleições de meio de mandato, e a queda nos índices de aprovação de Trump desde janeiro pressiona a base republicana a redesenhar distritos estratégicos.

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