Terremoto no Afeganistão deixa mais de 800 mortos e milhares de feridos
Sismo de magnitude 6 atinge regiões montanhosas e expõe fragilidade humanitária do país
247 - Um dos terremotos mais devastadores da história recente do Afeganistão deixou pelo menos 812 mortos e cerca de 2.800 feridos, segundo informações divulgadas pela Reuters nesta segunda-feira (1). O tremor, de magnitude 6, ocorreu pouco após a meia-noite a uma profundidade de 10 km, devastando vilarejos inteiros e forçando operações de resgate em áreas isoladas do país.
As equipes de salvamento enfrentam enormes dificuldades para alcançar comunidades montanhosas próximas à fronteira com o Paquistão, onde casas de adobe desmoronaram sob o impacto. Imagens divulgadas pela Reuters Television mostram helicópteros transportando feridos, enquanto moradores se uniam a militares e equipes médicas para retirar sobreviventes dos escombros.
Províncias mais atingidas e mobilização emergencial
De acordo com Zabihullah Mujahid, porta-voz da administração do Talibã, a província de Kunar registrou 610 mortos, enquanto Nangarhar contabilizou pelo menos 12 vítimas fatais. Três vilarejos foram completamente destruídos em Kunar, e outros tantos sofreram danos significativos.
Abdul Maten Qanee, porta-voz do Ministério da Saúde, afirmou que todas as equipes disponíveis foram mobilizadas para garantir apoio integral. “Todos os nossos times foram mobilizados para acelerar a assistência, de forma que um suporte completo possa ser oferecido”, declarou.
O Ministério da Defesa informou que 40 voos militares já transportaram 420 mortos e feridos. Helicópteros seguem sendo usados para evacuar moradores em estado grave, num cenário agravado pela falta de infraestrutura hospitalar adequada na região.
Desafio humanitário sob governo do Talibã
O desastre ocorre em meio a uma grave crise humanitária. Desde que o Talibã assumiu o poder em 2021, após a retirada das tropas estrangeiras, o país sofreu cortes drásticos no financiamento internacional. Dados apontam que a ajuda humanitária caiu de US$ 3,8 bilhões em 2022 para apenas US$ 767 milhões em 2025.
Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde em Cabul, fez um apelo à comunidade internacional: “Precisamos de ajuda porque muitas pessoas perderam suas vidas e suas casas”.
Apoio internacional ainda incerto
Até o momento, nenhuma potência estrangeira ofereceu apoio direto às operações de resgate. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afegão informou que “nenhum governo estrangeiro entrou em contato para fornecer suporte aos trabalhos de socorro”.
A China se manifestou dizendo estar pronta para oferecer assistência de acordo com as necessidades do Afeganistão e dentro de sua capacidade. Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou em publicação no X que a missão das Nações Unidas no país está se preparando para apoiar as áreas mais atingidas.
Histórico de tragédias naturais
Este é o terceiro grande terremoto desde a ascensão do Talibã. Em 2022, um tremor de magnitude 6,1 matou mais de mil pessoas no leste do Afeganistão. Além disso, muitas comunidades ainda não se recuperaram do terremoto que atingiu a cidade de Herat há dois anos, onde milhares vivem em estruturas temporárias.
O Afeganistão está situado em uma das regiões mais propensas a terremotos do mundo, especialmente na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. A vulnerabilidade estrutural das moradias e a fragilidade institucional do país ampliam o impacto das catástrofes naturais, deixando milhões de pessoas em situação de risco.