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Paquistão e Afeganistão trocam acusações após ataques aéreos

Afeganistão acusa Paquistão de ataques aéreos, enquanto Islamabad promete tomar medidas contra militantes no território afegão

Pessoas assistem a uma coletiva de imprensa televisionada por Ahmed Sharif Chaudhry, Diretor Geral da Divisão de Relações Públicas Inter-Serviços das Forças Armadas do Paquistão, em Karachi, Paquistão, em 10 de outubro de 2025 (Foto: REUTERS/Akhtar Soomro)

ISLAMABAD/CABUL/NOVA DÉLHI, 10 de outubro (Reuters) - O governo Talibã do Afeganistão acusou o Paquistão na sexta-feira de realizar ataques aéreos em seu território e alertou sobre "consequências", já que Islamabad disse que estava tomando medidas contra os militantes.

Mais onze soldados paquistaneses foram mortos na sexta-feira em um confronto com militantes islâmicos na região de Tirah, perto da fronteira com o Afeganistão, segundo autoridades de segurança paquistanesas. Islamabad afirma que militantes do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan operam a partir do Afeganistão, acusação negada por Cabul.

O governo do Talibã culpou o Paquistão pelos ataques aéreos em Cabul, a capital, na noite de quinta-feira, e na província oriental de Paktika por volta da meia-noite.

"Este é um ato violento e provocativo sem precedentes na história do Afeganistão e do Paquistão", afirmou um comunicado do Ministério da Defesa afegão. "Se a situação se agravar ainda mais após essas ações, as consequências serão de responsabilidade dos militares paquistaneses."

Segundo o Talibã, não houve vítimas nos ataques aéreos.

Uma autoridade de segurança paquistanesa disse que um veículo usado pelo líder do TTP, Noor Wali Mehsud, foi alvo do ataque aéreo em Cabul. Não ficou claro se ele sobreviveu.

O Ministério da Defesa afegão se recusou a responder perguntas sobre Mehsud, apontando para sua declaração, que não o mencionou.

PAQUISTÃO PROMETE FAZER O QUE FOR NECESSÁRIO

Islamabad disse que sua paciência com Cabul está se esgotando, sem reconhecer ou negar a realização dos ataques aéreos.

O tenente-general Ahmed Sharif Chaudhry, porta-voz militar paquistanês, "observou" os relatos dos ataques.

"Para proteger a vida do povo do Paquistão, estamos fazendo, e continuaremos a fazer, tudo o que for necessário", disse Chaudhry em uma coletiva de imprensa. "Nossa exigência ao Afeganistão: seu solo não deve ser usado para terrorismo contra o Paquistão."

O TTP tem lutado para derrubar o governo de Islamabad e substituí-lo por um sistema de governança estritamente islâmico. Manteve uma relação próxima com o Talibã afegão, que inspirou a criação do TTP.

O Paquistão acusa a Índia, grande potência regional adversária, de apoiar o TTP por meio do Afeganistão. A Índia nega tais acusações, classificando-as como "infundadas".

Os ataques aéreos coincidiram com uma rara visita à Índia de um líder do Talibã: o Ministro das Relações Exteriores Amir Khan Muttaqi.

Sua viagem resultou em um anúncio da Índia na sexta-feira de que melhoraria os laços com o governo do Talibã — dando um impulso ao grupo diplomaticamente isolado — ao reabrir sua embaixada em Cabul, fechada desde que o Talibã tomou o poder em 2021.

Reportagem de Saeed Shah, Mohammad Yunus Yawar, Mushtaq Ali e Shivam Patel; texto de Saeed Shah e Sakshi Dayal; edição de Mark Heinrich

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