Lula aposta na assinatura do acordo Mercosul-União Europeia até o fim do ano

247 - Em um encontro estratégico realizado neste domingo (8), em Mônaco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sua convicção de que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia será assinado até o fim de 2025, durante a presidência brasileira do bloco sul-americano. 

Lula se reuniu para um almoço de trabalho com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, com quem discutiu os avanços e entraves do acordo, especialmente no contexto atual de crescente protecionismo global. 

“Como enfatizei em minha recente visita de Estado à França, é essencial fazer um esforço de esclarecimento sobre a total compatibilidade desse acordo com os interesses das duas partes do ponto de vista ambiental, comercial e estratégico. Em um contexto de ressurgimento do protecionismo, ambos coincidimos sobre o papel fundamental desse acordo para o multilateralismo”, destacou o presidente em publicação nas redes sociais.

O líder brasileiro também mencionou que, nas próximas semanas, o governo buscará aprofundar o diálogo sobre temas sensíveis, como as convergências entre a agricultura brasileira e europeia — uma das principais resistências colocadas pela França —, além de evidenciar a aderência do tratado ao Acordo de Paris, marco global no combate às mudanças climáticas.

O maior acordo comercial do Mercosul

O tratado entre Mercosul e União Europeia, anunciado como o maior acordo comercial já celebrado pelo bloco sul-americano, foi concluído tecnicamente em dezembro passado, durante a cúpula realizada em Montevidéu. O texto, que reúne 20 capítulos, anexos e documentos complementares, ainda precisa passar por etapas como revisão jurídica, tradução oficial e, por fim, ratificação pelos Parlamentos e órgãos competentes dos dois blocos.A União Europeia ocupa hoje a posição de segundo principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 92 bilhões. A expectativa é de que o acordo estimule investimentos, fortaleça a posição da UE como maior investidora estrangeira no Brasil e ajude a modernizar a indústria nacional, integrando-a às cadeias produtivas globais.

Parceria estratégica para a COP30

O encontro entre Lula e António Costa também abordou os preparativos para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). O evento é considerado uma das principais oportunidades para consolidar uma nova agenda de desenvolvimento sustentável, com ênfase na transição energética justa.“A Europa é um parceiro imprescindível para o sucesso da COP30, em Belém. Somos todos atores que compartilham a certeza de que a transição energética justa representa oportunidades de se constituir uma nova agenda de desenvolvimento econômico inclusivo e que preservará a saúde do planeta”, afirmou Lula.Participaram também do encontro os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.

Compromisso com os oceanos e o planeta

Ainda neste domingo, Lula discursou no encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, realizado em Mônaco. O evento integra as discussões preparatórias para a Terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos, que ocorre de 9 a 13 de junho, em Nice, na França. Em sua fala, o presidente fez um apelo pela preservação dos ecossistemas marinhos e pela implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 da Agenda 2030: “Ou agimos ou o planeta corre risco”, alertou.Lula também teve um encontro com o Príncipe Alberto II de Mônaco e segue na Europa cumprindo agenda diplomática. Na última semana, em visita de Estado à França, o presidente celebrou a assinatura de 20 acordos bilaterais e recebeu o anúncio de que empresas francesas pretendem investir R$ 100 bilhões no Brasil até 2030.