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Israel retoma negociações indiretas com Hamas sob mediação dos EUA

Primeira fase do plano de Donald Trump foca na libertação de reféns e retirada gradual de tropas israelenses da Faixa de Gaza

Israel retoma negociações indiretas com Hamas sob mediação dos EUA (Foto: REUTERS)

247 - Israel se prepara para retomar nos próximos dias as negociações indiretas com o Hamas, após a resposta do grupo palestino à proposta de cessar-fogo e libertação de reféns apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação é do jornal Haaretz, que acompanha de perto o processo diplomático e cita autoridades israelenses envolvidas nas tratativas.

Segundo fontes ouvidas pelo Haaretz, apesar de a posição inicial do Hamas ser considerada insatisfatória por integrantes do governo norte-americano, Trump prefere avançar com o acordo em etapas, buscando pressionar o grupo palestino a aceitá-lo. “Há um acordo sobre a libertação dos reféns, e os demais pontos serão discutidos depois”, afirmou um alto funcionário político israelense.

A pressão direta de Trump sobre Israel e Hamas se intensificou na madrugada de sábado, quando o presidente publicou em rede social: “Acredito que eles estão prontos para a paz”, em referência ao Hamas, acrescentando que “Israel deve parar os bombardeios para que possamos garantir rapidamente a libertação dos reféns”. Em resposta, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou a suspensão das operações ofensivas em Gaza, mantendo apenas ações de caráter defensivo, segundo assessores do governo.

As negociações estão previstas para ocorrer no Cairo, em vez do Catar, devido às tensões com Doha após o ataque da Força de Defesa de Israel (IDF) contra a liderança do Hamas na capital catariana. Fontes da rede saudita Al Arabiya indicaram que a delegação do Hamas chegaria ao Egito ainda no sábado para participar das conversas.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, acompanhará o processo, junto com Jared Kushner, genro de Trump, o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, e o chefe do serviço de inteligência interna israelense, Shin Bet. A primeira fase do plano de Trump terá como foco a definição prática da retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza, com Israel apresentando mapas detalhados da operação.

Entre os pontos sensíveis do acordo estão a libertação de reféns israelenses em troca da soltura de prisioneiros palestinos, sem especificação de nomes, e a desmilitarização de Gaza. Embora o Hamas aceite negociar, reivindica manter armamento leve, algo que Israel ainda não aceita. As áreas exatas da retirada militar israelense em cada uma das três fases previstas permanecem indefinidas.

O Hamas, em comunicado divulgado na sexta-feira, afirmou estar disposto a libertar todos os reféns israelenses, vivos e mortos, dentro da proposta de Trump. O grupo também se declarou aberto a transferir a administração de Gaza para um órgão palestino independente, com apoio árabe e islâmico. A proposta norte-americana prevê que a transição seja supervisionada por um “Conselho da Paz”, liderado por Donald Trump e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Ainda conforme o Hamas, outras questões previstas no plano, como o futuro de Gaza e os direitos do povo palestino, dependerão de uma posição nacional mais ampla, a ser debatida dentro de um marco palestino unificado.

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