Israel mata mais palestinos em Gaza enquanto se discute plano de paz dos EUA
Mesmo com cessar-fogo mediado pelos EUA, militares israelenses seguem com operações em Gaza e na Cisjordânia, elevando tensões na região
247 - O Exército de Israel afirmou nesta quarta-feira (6) ter matado dois palestinos na região central da Faixa de Gaza, acusando-os de cruzar a chamada “linha amarela” para uma área sob controle israelense, apesar do cessar-fogo em vigor. As informações são da rede Al Jazeera, que também teve acesso a documentos inéditos sobre a proposta de paz elaborada pelos Estados Unidos no âmbito do Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a emissora, a minuta da resolução americana prevê a criação de um “Conselho da Paz” e o estabelecimento de uma força internacional de estabilização para Gaza, medidas incluídas no acordo de cessar-fogo mediado por Washington. A proposta busca evitar uma retomada dos combates e iniciar um processo de reconstrução no território devastado.
Desde o início do cessar-fogo, em 10 de outubro, o Hamas libertou 20 prisioneiros israelenses com vida e entregou os restos mortais de 22 dos 28 mortos em Gaza. Ainda assim, a situação humanitária permanece dramática e o ambiente político segue tenso, com incidentes recorrentes nas fronteiras e na Cisjordânia ocupada.
A guerra iniciada em outubro de 2023 já deixou um saldo trágico: 68.875 palestinos mortos e 170.679 feridos, de acordo com números atualizados pela Al Jazeera. Do lado israelense, 1.139 pessoas morreram durante os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, e cerca de 200 foram feitas prisioneiras.
Na Cisjordânia, forças israelenses realizaram uma operação na cidade de Ramallah, em conjunto com o Exército e o serviço de inteligência, que resultou na prisão de um palestino. De acordo com a polícia israelense, o homem foi atingido na perna após “resistir à prisão”. A medida faz parte de uma ampla ofensiva de Israel no território ocupado desde o início da guerra em Gaza.
Segundo dados citados pela Al Jazeera, mais de 1.000 palestinos foram mortos, milhares foram presos e centenas de casas e prédios públicos foram demolidos na Cisjordânia desde o início da escalada militar.
Enquanto isso, em Gaza, equipes de resgate continuam as buscas pelos restos mortais de reféns israelenses entre os escombros de áreas fortemente bombardeadas. O jornalista Hani Mahmoud, que reporta de Cidade de Gaza, descreveu o cenário de destruição:
“Não conseguimos lembrar de um único dia sem bombardeios pesados nas partes orientais da Faixa de Gaza. As imagens e vídeos mostram a imensa devastação causada por mais de dois anos de ataques israelenses.”
Segundo Mahmoud, a destruição generalizada dificulta a recuperação dos corpos e o trabalho conjunto entre equipes palestinas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. “A magnitude da destruição tornou todo o processo de devolução dos corpos a Israel muito mais difícil do que se esperava”, afirmou o repórter.