Israel libera menos de um terço da ajuda humanitária a Gaza
Autoridades palestinas denunciam que, apesar do cessar-fogo, Israel mantém restrições severas à entrada de alimentos e medicamentos na Faixa de Gaza
247 - As autoridades palestinas denunciaram nesta quinta-feira (7) que Israel tem permitido a entrada de menos de um terço da ajuda humanitária prevista para a Faixa de Gaza, mesmo após o cessar-fogo estabelecido em 10 de outubro. As informações são da agência Prensa Latina, que cita dados oficiais do Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza.
Segundo o comunicado, entre 10 de outubro e 6 de novembro, apenas 4.453 caminhões com produtos essenciais conseguiram entrar no território palestino, número bem inferior aos 15.600 veículos acordados no âmbito do cessar-fogo. Entre os caminhões liberados, 31 transportavam gás de cozinha e 84 continham diesel, combustível indispensável para o funcionamento de hospitais, padarias, geradores e outros serviços vitais.
O governo local destacou ainda que a média diária de entrada é de apenas 171 caminhões, quando o previsto seria cerca de 600. Para as autoridades palestinas, esse cenário confirma que Israel mantém uma política de “estrangulamento, fome, pressão humanitária e chantagem política” contra mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza.
O gabinete também alertou que as quantidades liberadas não são suficientes para atender às necessidades básicas de alimentação, saúde e sobrevivência da população. Segundo o comunicado, Israel impede a entrada de mais de 350 tipos de alimentos essenciais, incluindo ovos, carne, peixe, laticínios, vegetais e suplementos nutricionais — produtos fundamentais para crianças, doentes e grupos vulneráveis.
Em contrapartida, denunciou o órgão, o país tem acelerado a liberação de produtos sem valor nutricional, como refrigerantes, chocolates e alimentos processados. Essa prática, segundo as autoridades palestinas, agrava o quadro de fome e desnutrição no enclave, que já enfrenta uma grave crise humanitária desde o início do bloqueio.
A situação foi reforçada por Amjad Al-Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas em Gaza, que afirmou em entrevista à emissora Al Jazeera que “a ajuda humanitária que chega ao território mal cobre entre 20% e 30% das necessidades da população”. Ele acrescentou que, apesar do cessar-fogo, “os habitantes continuam a sofrer com a fome e a falta de assistência”.
O diretor-geral do complexo médico Al-Shifa, Muhammad Abu Salmiya, também responsabilizou Israel pela restrição à entrada de suprimentos médicos, o que, segundo ele, “ameaça a vida de dezenas de milhares de pacientes” que dependem de tratamentos contínuos e equipamentos hospitalares.