Guerra de Israel contra Irã domina agenda do G7 no Canadá
O primeiro-ministro Mark Carney prioriza segurança e cadeias de minerais críticos, mas líderes temem rompantes do presidente dos EUA durante cúpula
247 - Reunidos nas Montanhas Rochosas canadenses a partir deste domingo (15), os líderes do G7 iniciam uma cúpula marcada pela escalada da guerra de Israel contra o Irã e pelo desafio de evitar novos atritos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,nforma a Reuters.
O anfitrião do encontro, o primeiro-ministro canadense Mark Carney, declarou que suas prioridades incluem o fortalecimento da paz e da segurança globais, a construção de cadeias de suprimentos de minerais estratégicos e a criação de empregos. Ainda assim, assuntos como as tarifas impostas pelos EUA e os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia devem dominar os debates entre os líderes das sete maiores economias industrializadas do mundo.
A tensão internacional se agravou horas antes da abertura da cúpula, com novos ataques entre Israel e Irã deixando dezenas de mortos. Segundo um funcionário do G7, os chefes de Estado e de governo devem emitir uma declaração conjunta pedindo a redução da escalada.
Para o chanceler alemão Friedrich Merz, que concedeu entrevista coletiva antes do encontro, o tema será central. "Este tema estará muito alto na agenda da cúpula do G7", afirmou. Ele acrescentou que os principais objetivos são impedir que o Irã desenvolva ou possua armas nucleares, garantir o direito de Israel à autodefesa, evitar a escalada do conflito e criar espaço para a diplomacia.
O encontro acontece na estação montanhosa de Kananaskis, a cerca de 90 km a oeste de Calgary. A última vez em que o Canadá sediou a cúpula, em 2018, Trump deixou o evento antes do fim, acusou o então premiê Justin Trudeau de ser "muito desonesto e fraco" e instruiu sua delegação a retirar o apoio ao comunicado final.
O temor de um novo embate é visível. “Esta será uma reunião bem-sucedida se Donald Trump não tiver um acesso de raiva que atrapalhe tudo. Qualquer coisa além disso é lucro”, avaliou Roland Paris, professor de relações internacionais da Universidade de Ottawa e ex-assessor de política externa de Trudeau.
Trump chega ao Canadá em meio a crescentes tensões comerciais. Carney ameaça represálias caso Washington não suspenda as tarifas sobre aço e alumínio canadenses. Josh Lipsky, presidente de economia internacional do Atlantic Council, afirmou: “O melhor cenário possível é que não haja grandes explosões ao final da cúpula”.
Diante desse cenário volátil, o governo canadense optou por não redigir o tradicional comunicado conjunto. Em vez disso, divulgará resumos elaborados pela presidência da cúpula, numa tentativa de evitar constrangimentos diplomáticos e manter os EUA engajados.
Um alto funcionário canadense declarou que Ottawa deseja focar em ações concretas que os sete países possam adotar em conjunto. Além dos membros do G7 — Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos —, participam trechos do evento líderes de países convidados como Ucrânia, México, Índia, Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Brasil.
Peter Boehm, senador e diplomata veterano que representou pessoalmente Trudeau na cúpula de 2018, revelou que o encontro atual foi estendido para permitir reuniões bilaterais com o presidente dos EUA. “Muitos querem conversar com o presidente Trump sobre seus interesses e preocupações específicos”, disse Boehm, por telefone.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, pretende convencer Trump a retirar tarifas comerciais que vêm prejudicando a indústria automobilística de seu país, após uma sexta rodada de negociações em Washington.
Na sexta-feira, um alto funcionário do governo norte-americano indicou que as discussões abrangerão comércio, economia global, minerais críticos, contrabando de drogas e pessoas, inteligência artificial, segurança energética, incêndios florestais e segurança internacional. “O presidente está ansioso para perseguir seus objetivos em todas essas áreas, inclusive para tornar as relações comerciais dos Estados Unidos mais justas e recíprocas”, disse.
'O grande teste'
A visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à Casa Branca em fevereiro, que terminou em clima tenso, serve como alerta aos demais líderes sobre os riscos diplomáticos ao negociar com Trump. Segundo um diplomata europeu, o G7 e a próxima cúpula da OTAN em Haia, no final de junho, são oportunidades para pressionar Trump a apoiar um novo pacote de sanções elaborado por senadores dos EUA em conjunto com propostas europeias para forçar a Rússia a negociar um cessar-fogo.
Um funcionário do governo ucraniano envolvido nos preparativos disse que, diante das dificuldades, uma simples reunião cordial entre Zelensky e Trump já seria considerada uma vitória.
Para Max Bergmann, diretor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, a cúpula pode dar pistas importantes sobre o papel que os EUA desejam exercer no cenário internacional sob o comando de Trump. “A grande questão é se os Estados Unidos ainda estão comprometidos com formatos como o G7. Esse será o grande teste”, afirmou.
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