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EUA e México negociam fim de tarifa de 50% sobre aço com novo limite de importações

Acordo ainda em discussão prevê isenção para volumes dentro da média histórica e ocorre em meio a tensões sobre imigração e protestos nos EUA

Trabalhadores perto de barras de aço em uma fábrica de peças metal-mecânicas com aplicação na indústria, em Apodaca, México, 11 de março de 2025 (Foto: REUTERS/Daniel Becerril)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Os governos dos Estados Unidos e do México estão próximos de firmar um novo acordo que pode suspender as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre a importação de aço mexicano, desde que respeitado um limite baseado em volumes históricos. 

A informação foi divulgada pela agência Bloomberg, com base em fontes que acompanham as negociações e solicitaram anonimato por se tratar de tratativas sigilosas.

A proposta em análise recria moldes semelhantes a um arranjo estabelecido entre os dois países durante o primeiro mandato de Trump, mas com modificações importantes: o novo teto de importações seria superior ao antigo, que tinha como objetivo conter eventuais “surpresas” no comércio bilateral de aço. A aplicação da isenção tarifária, portanto, dependeria da manutenção das remessas dentro do patamar histórico, sem ultrapassá-lo.

Apesar do avanço das conversas, ainda não há um desfecho formal, e qualquer decisão final depende da aprovação de Trump, que, segundo as fontes, não tem atuado diretamente nas conversas. O processo está sendo conduzido pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick.

Impacto político e econômico

A notícia de um possível acordo gerou reações imediatas no mercado financeiro. Ações de empresas siderúrgicas dos EUA registraram queda após a divulgação do tema. A Cleveland-Cliffs Inc. desvalorizou mais de 7%, enquanto a Nucor Corp. caiu mais de 4%. Já o peso mexicano reduziu perdas frente ao dólar.

Segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA, o México exportou cerca de 3,2 milhões de toneladas métricas de aço para os Estados Unidos em 2024, o que representa 12% do total de importações norte-americanas do produto. O pacto anterior, firmado em 2019, previa restrições com base na média de exportações entre 2015 e 2017.

O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, defendeu que não há justificativa para a manutenção das tarifas no caso mexicano. Em declaração feita na terça-feira, Ebrard relatou que apresentou aos negociadores norte-americanos os argumentos mexicanos e aguarda uma resposta: “Na sexta-feira demos a eles os detalhes da argumentação do México e temos razão”, afirmou. “Vamos esperar a resposta deles, que provavelmente virá ainda nesta semana.”

O ministro também publicou nas redes sociais uma imagem ao lado de Lutnick, com ambos sorrindo e apertando as mãos durante encontro realizado em Washington.

Pressões geopolíticas e agenda bilateral

A negociação sobre o aço ocorre em meio a uma agenda delicada entre os dois países, especialmente em relação à imigração e ao combate ao narcotráfico. O presidente Trump tem exigido medidas mais enérgicas do México para conter a migração em direção à fronteira comum.

Na última terça-feira, a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, acusou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, de “encorajar” manifestações contra deportações em Los Angeles — cidade onde as forças armadas norte-americanas foram mobilizadas. Sheinbaum classificou a acusação como “absolutamente falsa”.

As tratativas acontecem às vésperas da cúpula do G7 no Canadá, onde os presidentes dos dois países devem se encontrar.

A movimentação recente de Trump em dobrar as tarifas sobre o aço — de 25% para 50% — foi anunciada na mesma semana em que o presidente declarou apoio à aquisição da United States Steel Corp. pela japonesa Nippon Steel Corp. Segundo Trump, a operação visa “proteger a indústria doméstica e a segurança nacional”. Fabricantes de aço nos EUA elogiaram a medida, enquanto empresas consumidoras do metal pressionam por um alívio nos encargos.

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