Dívida global estabiliza, mas segue em patamar recorde, aponta FMI
Relatório do FMI aponta queda no endividamento privado, mas alerta para expansão contínua da dívida pública
247 - O nível da dívida global entrou em uma fase de estabilidade após o aumento expressivo durante a pandemia de covid-19, mas permanece em patamar historicamente elevado. A informação foi divulgada nesta terça-feira (17) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório elaborado pelos economistas Vitor Gaspar, Carlos Eduardo Gonçalves e Marcos Poplawski-Ribeiro, segundo reportou o jornal Valor Econômico.
De acordo com os dados, em 2024 a dívida mundial atingiu pouco acima de 235% do Produto Interno Bruto (PIB) global. O resultado foi influenciado por uma queda no endividamento do setor privado, que recuou para 143% do PIB, compensando a expansão contínua da dívida pública, agora em 93% do PIB. Em termos nominais, o passivo dos governos alcançou US$ 99,2 trilhões, enquanto o setor privado reduziu seu endividamento para US$ 151,8 trilhões.
Divergências entre países e setores
O relatório do FMI chama atenção para o “persistente déficit fiscal elevado”, que tem sustentado o crescimento da dívida pública nos últimos anos. Mas os números variam significativamente entre países. Nos Estados Unidos, a dívida pública avançou de 119% para 121% do PIB em 2024. Já em outras economias desenvolvidas, houve recuo médio de 2,5%, para 110% do PIB.
Entre emergentes, a China se destacou pela elevação de sua dívida de 82% para 86% do PIB, enquanto o restante dos países em desenvolvimento reduziu seus passivos para 56% do PIB. O contraste mostra como o endividamento não segue um padrão único e depende de políticas internas e do ritmo de crescimento de cada nação.
Endividamento privado: realidades distintas
O cenário no setor privado também é heterogêneo. No Brasil, o nível elevado da taxa Selic e o impacto da inadimplência aumentaram a dívida corporativa. Na China, mesmo diante da crise no setor imobiliário, houve recuperação no crédito direcionado a segmentos estratégicos.
Na Índia, o crescimento acelerado, aliado a fusões e aquisições, impulsionou a emissão de dívidas corporativas. Por outro lado, países com menor dinamismo econômico, como Tailândia e Colômbia, registraram retração nos passivos empresariais.