Comércio entre China e Ásia Central cresce 10,4% em 2025 e acumula alta de 116% desde 2013
Parceria sino-centro-asiática atinge recorde de 286 bilhões de yuans até maio e reforça integração sob a Iniciativa do Cinturão e Rota
247 - O intercâmbio comercial entre a China e os cinco países da Ásia Central alcançou 286,42 bilhões de yuans (cerca de 39,93 bilhões de dólares) nos primeiros cinco meses de 2025, o maior volume já registrado para o período, segundo dados divulgados neste domingo (15) pela Administração Geral de Alfândegas da China (GAC), conforme reportado pelo Global Times.
A região da Ásia Central, berço da proposta da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), vem se consolidando como um eixo estratégico da política externa chinesa. De acordo com a GAC, a parceria econômica sino-centro-asiática tem se aprofundado de forma consistente, impulsionando um crescimento robusto do comércio bilateral.
Expansão sustentada em uma década
Desde 2013, quando a BRI foi apresentada em Astana, no Cazaquistão, o comércio entre a China e os países da Ásia Central — Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Tadjiquistão — saltou de 312,04 bilhões para 674,15 bilhões de yuans em 2024, o que representa um aumento de 116%. A taxa média anual de crescimento foi de 7,3%, superando em 2,3 pontos percentuais o crescimento médio das trocas comerciais totais da China no mesmo período.
A pesquisadora Chen Fengying, do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, afirmou ao Global Times que “graças à construção conjunta da BRI e ao serviço de trens de carga entre a China e os cinco países da Ásia Central, o comércio entre essas nações apresentou rápido crescimento nos últimos anos”.
Ela também ressaltou que “a China possui um mercado consumidor gigantesco e uma cadeia de suprimentos completa, que podem se alinhar às variadas necessidades de desenvolvimento econômico da Ásia Central”. Segundo Chen, os elementos complementares entre as partes indicam um “amplo espaço para cooperação”.
Agricultura e logística ganham protagonismo
O setor agrícola desponta como uma das áreas mais dinâmicas dessa cooperação. Entre janeiro e maio de 2025, a China importou 4,36 bilhões de yuans em produtos agrícolas da Ásia Central, um crescimento de 26,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão a elevação de 202,1% nas compras de sementes de linho do Cazaquistão, aumento de 153,7% nas exportações de uvas-passas do Uzbequistão e uma multiplicação por 11 das vendas de mel do Quirguistão.
O fortalecimento da conectividade terrestre também tem sido um pilar essencial dessa integração. O percentual de comércio entre China e Ásia Central realizado por transporte rodoviário subiu de 19,9% em 2020 para 51,8% em 2024. Nos cinco primeiros meses deste ano, esse modal movimentou 143,65 bilhões de yuans em mercadorias — alta de 10,9% — mantendo sua participação acima da metade do total comercializado.
Cúpula em Astana deve ampliar cooperação regional
Os números vêm às vésperas da 2ª Cúpula China-Ásia Central, que ocorrerá entre 16 e 18 de junho, novamente em Astana, onde a BRI foi originalmente lançada. A expectativa, segundo o pesquisador Zhang Hong, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, é de que o encontro aprofunde o mecanismo de diálogo “1+5” e consolide uma plataforma de comunicação de longo prazo.
Zhang destacou ao Global Times que, diante do cenário internacional “complexo e volátil”, há urgência para que China e países centro-asiáticos intensifiquem a cooperação em múltiplas frentes, incluindo integração regional, trocas econômicas e intercâmbio entre os povos.
A construção da ferrovia China-Quirguistão-Uzbequistão, cuja execução já começou, é um dos projetos emblemáticos da estratégia sino-centro-asiática. Além disso, marcas chinesas de veículos movidos a energia limpa estão ganhando espaço nos mercados locais, sinalizando a expansão de uma “Nova Rota da Seda Verde” com benefícios mútuos para a descarbonização e modernização dessas economias.
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