China garante apoio ao Brasil para evitar colapso na produção de veículos
O embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, assegurou ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) que Pequim abrirá canais de diálogo
247- O embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, assegurou ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) que Pequim abrirá canais de diálogo com montadoras brasileiras para evitar o desabastecimento de semicondutores essenciais à produção de veículos. A informação é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foi divulgada na CNN Brasil.
Durante o encontro, realizado neste sábado (1º/11), Alckmin solicitou “prioridade no fornecimento dos chips às empresas brasileiras”. O vice-presidente destacou a importância estratégica da indústria automotiva, que emprega 1,3 milhão de pessoas e gera impactos em setores como siderurgia, química, plástico e borracha. “Trata-se de uma excelente notícia. Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que a indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”, afirmou Alckmin.
A negociação ocorre em meio à chamada “crise dos chips”, marcada pela escassez global de semicondutores, que começou a afetar fortemente a produção de veículos no Brasil nas últimas semanas. O país importa quase todos os chips que utiliza, muitos provenientes de fornecedores ligados à empresa chinesa Nexperia, agora sob controle do governo holandês. Em reação, a China suspendeu exportações de semicondutores produzidos em sua fábrica.
Na terça-feira (28/10), Alckmin se reuniu com representantes da Anfavea, Sindipeças e Abipeças para tratar da escassez. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), um veículo moderno utiliza em média mil a três mil chips, e a falta desses componentes pode paralisar linhas de produção em questão de semanas.A Anfavea alerta para risco de “colapso” na indústria. “Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda. A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, afirmou o presidente da entidade, Igor Calvet.
A crise de semicondutores tem dimensões geopolíticas e envolve uma disputa global por minerais críticos, com destaque para China, Estados Unidos, Japão e países europeus. A produção desses minerais, essenciais à fabricação de chips, está concentrada em poucos países, sendo a China responsável por cerca de 70% da mineração de terras raras, mais de 90% do refino e quase 100% da produção de ímãs permanentes.
O MDIC ressaltou que o diálogo com a China pretende garantir a continuidade da produção automotiva no Brasil e reduzir os impactos da escassez sobre empregos e setores industriais dependentes de semicondutores, evitando que a situação se transforme em um colapso comparável ao enfrentado durante a pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021.Com a garantia de canais de negociação e prioridade no fornecimento de chips, o governo brasileiro busca mitigar riscos imediatos à cadeia produtiva e preservar a competitividade da indústria automotiva no país.
