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China ganha protagonismo em fórum asiático de defesa e adverte Filipinas: “Não agirão de forma imprudente em nosso mar”

Com postura discreta, delegação chinesa atraiu atenção na cúpula de segurança em Singapura e desmentiu retórica belicista do Ocidente

Foto de arquivo - Pontos de verificação de segurança são vistos no local do 19º Diálogo Shangri-Lá em Cingapura, 10 de junho de 2022 (Foto: REUTERS/Caroline Chia)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Durante a 22ª edição do Diálogo de Shangri-La, principal fórum de defesa da Ásia, realizado em Singapura entre 31 de maio e 2 de junho, a posição da China em favor da cooperação e da paz chamou atenção de participantes e analistas.

Mesmo com tentativas dos Estados Unidos de reforçar a narrativa do “perigo chinês”, a maioria dos países asiáticos recusou-se a aderir a essa agenda. A reportagem é do jornal Global Times.

Representando a Universidade Nacional de Defesa do Exército de Libertação Popular (ELP), a delegação chinesa manteve perfil discreto, mas foi constantemente abordada por jornalistas internacionais e especialistas em segurança. “Esperávamos ter contato direto com os membros do ELP. Essa era nossa maior expectativa para o fórum”, afirmou um repórter estrangeiro.

Enquanto isso, discursos de autoridades norte-americanas e filipinas ecoaram pouco entre os presentes. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou no sábado que a China representa uma ameaça à estabilidade regional, atacando a posição de Pequim sobre Taiwan e o Mar do Sul da China. As falas foram criticadas pelo Ministério das Relações Exteriores da China, que as classificou como “provocações”, e pelo Ministério da Defesa chinês, que afirmou: “Os EUA insistem em instigar conflitos com lógica hegemônica e mentalidade de Guerra Fria”.

No domingo, o ministro da Defesa das Filipinas, Gilberto Teodoro, acusou a China de ações agressivas na região. Mas, diferentemente da atenção recebida por Hegseth, o discurso filipino atraiu público reduzido e pouca repercussão.

A resposta chinesa veio por meio do general de divisão Meng Xiangqing. Segundo ele, a instabilidade no Mar do Sul da China tem origem nas ações provocativas das Filipinas, incentivadas por potências externas. “As Filipinas têm provocado reiteradamente em Huangyan Dao, inclusive com envio de corvetas a alta velocidade para testar a reação da China”, afirmou. E foi direto: “É preciso dizer claramente: as Filipinas têm sido o provocador. As ações da China são respostas legítimas. O Mar do Sul da China não é um lugar onde as Filipinas possam agir de forma imprudente”.

Após a sessão, Teodoro foi abordado por repórteres do Global Times, mas recusou-se a comentar sobre a relação com a China e deixou rapidamente o local, protegido por escolta militar.

O presidente da Sociedade Filipina de Estudos Internacionais de Segurança, Rommel Banlaoi, avaliou que a atual aliança entre Filipinas, EUA, Austrália e Japão oferece ganhos apenas imediatos. “Esses benefícios de curto prazo não superam os custos de longo prazo. Isso pode aumentar os riscos na relação de segurança com a China”, declarou.

Ao longo do evento, delegados chineses reafirmaram a disposição de seu país em contribuir para um ambiente estável, sem recorrer à intimidação ou à criação de blocos militares. A posição também foi reforçada por líderes regionais. O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, declarou: “Uma região estável não é aquela que se prepara para conflitos, mas sim aquela baseada em transparência e cooperação contínua”. Segundo ele, o Sudeste Asiático precisa de “equilíbrio sem coerção e cooperação sem política de blocos”.

Para Wang Dong, pesquisador da Universidade de Pequim presente no encontro, persiste uma tentativa ocidental de monopolizar a narrativa nos fóruns internacionais. “Se esses eventos se tornarem vitrines para ataques contra a China, sua credibilidade como espaços de diálogo internacional estará comprometida”, alertou. Ainda assim, Wang reconheceu uma mudança sutil: “Este ano, houve avaliações mais objetivas sobre a China e os Estados Unidos”.

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