Centrais sindicais reagem a falas do 'rei do ovo': “Preconceito e desrespeito com a classe trabalhadora”
Entidades repudiam entrevista em que Ricardo Faria critica direitos trabalhistas e afirma que jovens não querem mais carteira assinada
247 - As principais centrais sindicais brasileiras divulgaram nesta segunda-feira (16) uma nota conjunta em repúdio às declarações do empresário Ricardo Faria, dono da Global Eggs, concedidas à Folha de S.Paulo em entrevista publicada no domingo (15). Conhecido como o "rei do ovo", Faria é responsável por uma das maiores produtoras de ovos do país, com volume anual de 13 bilhões de unidades.
Na entrevista, o empresário disparou críticas à legislação trabalhista brasileira, à carga tributária e ao programa Bolsa Família, além de lamentar o que chamou de "polarização política". Para Faria, os “jovens não querem mais ter relação trabalhista formal, carteira assinada”, e ainda afirmou que “as pessoas estão viciadas no Bolsa Família”.
As falas provocaram imediata reação das centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB e NCST, cujos presidentes assinam o comunicado que classifica as declarações como “estigmatizantes” e “cheias de distorções perigosas e desrespeitosas”.
“Caricatura do patrão que enriquece explorando os outros”
Para os dirigentes sindicais, as afirmações de Faria refletem uma visão ultrapassada e elitista, que despreza o papel dos direitos trabalhistas na promoção da justiça social. “A história brasileira demonstra que os direitos trabalhistas foram instrumentos fundamentais de mobilidade social, alçando milhões à classe média e sustentando políticas públicas por meio da arrecadação tributária e previdenciária”, diz o documento.
Na visão dos representantes das entidades, o discurso do empresário se encaixa na figura do “patrão caricato”, que “acumula riqueza às custas da exploração e despreza o compromisso social”. As centrais também rechaçam a tentativa de deslegitimar o Bolsa Família, ressaltando que o programa foi decisivo para tirar milhões de brasileiros da miséria e promover inclusão.
Tentativa de desqualificar a proteção social
Ricardo Faria, que criticou ainda a burocracia estatal e o sistema tributário nacional, foi acusado de atacar conquistas históricas da classe trabalhadora ao reduzir a proteção social a um suposto “vício”. Para os sindicatos, esse tipo de discurso não apenas desinforma, mas reforça preconceitos contra trabalhadores e trabalhadoras que lutam diariamente pela sobrevivência em condições precárias.
A nota afirma que declarações como as de Faria atentam contra a dignidade dos beneficiários de programas sociais e ignora o papel estruturante de políticas públicas em um país ainda profundamente desigual.
(Com informações da Folha de S.Paulo)
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