Autoridade chinesa reforça otimismo sobre relação comercial com os EUA após reunião em Londres

247 - A recente rodada de negociações comerciais entre China e Estados Unidos, realizada em Londres, foi marcada por um tom construtivo e transparente, segundo avaliação das autoridades chinesas. 

Em declaração à emissora estatal China Central Television, o vice-ministro do Comércio e representante internacional da China, Li Chenggang, afirmou que os dois países tiveram uma “comunicação profissional, racional, profunda e franca”. A informação foi publicada pela agência russa Sputnik nesta quarta-feira (11).

Li destacou que houve entendimento em torno de uma estrutura básica para implementação do consenso firmado entre os presidentes Xi Jinping e Joe Biden, durante conversa telefônica em 5 de junho, além de avanços nas discussões realizadas anteriormente em Genebra. “As partes mantiveram uma comunicação profissional, racional, profunda e franca”, disse o vice-ministro.

“O progresso obtido durante as conversas atuais em Londres reforçará ainda mais a confiança entre China e Estados Unidos, promoverá o desenvolvimento estável e saudável das relações econômicas e comerciais bilaterais e injetará energia positiva na economia global”, completou.

Londres como palco de reaproximação econômica

As declarações de Li ocorrem num momento em que as duas maiores economias do mundo enfrentam desacordos persistentes em áreas como tecnologia, segurança cibernética, tarifas comerciais e investimentos estratégicos. Ainda assim, a sinalização de Pequim é de que há espaço para uma convivência pragmática e para uma possível normalização gradual das relações econômicas.

O vice-ministro evitou detalhar os termos do chamado “quadro fundamental”, mas enfatizou que os progressos alcançados contribuem para a estabilidade do comércio bilateral e para o equilíbrio da economia global, cuja recuperação segue desigual desde os efeitos da pandemia e de conflitos geopolíticos.

Mensagem clara contra o unilateralismo e em defesa da confiança mútua

O governo chinês tem reforçado, nos fóruns internacionais, a necessidade de um sistema multilateral baseado na cooperação e na confiança entre os países. O tom adotado por Li Chenggang reflete essa linha, ao destacar que o êxito das negociações não apenas reduz a tensão bilateral, mas pode servir de exemplo positivo num cenário global em que disputas comerciais são frequentemente agravadas por sanções unilaterais e políticas protecionistas.

Embora não tenha havido anúncio de novos acordos ou compromissos específicos, o discurso chinês busca consolidar a imagem de uma potência disposta ao diálogo técnico e ao cumprimento dos consensos firmados entre os chefes de Estado.

Próximos passos e impacto global

A realização dessas conversas e a subsequente declaração pública das autoridades chinesas sugerem que o canal de comunicação bilateral foi reativado com algum grau de eficácia. Espera-se, a partir disso, o agendamento de novas rodadas técnicas em Genebra ou Pequim, voltadas a temas como propriedade intelectual, cadeias de suprimento e normas internacionais de comércio.

A leitura oficial do governo chinês é clara: retomar a confiança entre as duas potências é um passo necessário para o desenvolvimento global. Resta saber se os Estados Unidos responderão com a mesma disposição ou se manterão barreiras em setores estratégicos, o que poderia comprometer o avanço de medidas concretas.