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Projeto Gaia mostra como a agroecologia no campo fortalece cidades sustentáveis

Sob a coordenação da professora Rafaela Felippe, estudantes compartilham práticas de agroecologia com assentados do MST

Alunos da UFMT com os agricultores (Foto: Projeto Gaia- Reprodução)

247 - Criado em 2019 como disciplina eletiva vinculada ao Departamento de Ciências Naturais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Sinop, o Projeto Gaia se tornou uma referência em sustentabilidade e geração de renda no campo. Sob a coordenação da professora Rafaela Felippe, estudantes compartilham práticas de agroecologia com assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), incentivando a agricultura familiar diversificada e o uso consciente do solo. A iniciativa já recebeu o prêmio de sustentabilidade da própria universidade.

O projeto tem como meta combater a desertificação causada pelo avanço da monocultura e da pecuária extensiva, além de enfrentar a miséria no campo. “Não podemos permitir que a nossa terra vire desertos alimentares”, alerta Rafaela ao Brasil 247. 

Segundo ela, em várias regiões do Mato Grosso, a produção de alimentos deixou de existir e os moradores de vários municípios dependem de entregas semanais vindas de outras localidades.

Ao ensinar técnicas de manejo correto do solo, de descarte de resíduos e de redução no uso de agrotóxicos, o Projeto Gaia vai além da produção de alimentos: contribui diretamente para a formação de cidades mais sustentáveis. Isso porque a agroecologia fortalece circuitos locais de abastecimento, garante alimentos saudáveis para as comunidades urbanas e reduz a dependência de cadeias longas de transporte, responsáveis por altos índices de emissão de carbono.

Outro impacto importante está na redução do êxodo rural. Muitos pequenos agricultores, ao não conseguirem resultados imediatos com o cultivo, abandonam o campo em busca de oportunidades nas cidades, o que aumenta a pressão sobre a infraestrutura urbana. Com a agroecologia, famílias conseguem gerar renda e permanecer no campo, equilibrando a relação campo-cidade e fortalecendo economias locais.

Hoje, agricultores ligados ao projeto já expõem seus produtos em feiras nacionais, ampliando a renda e mostrando que a sustentabilidade é viável mesmo em um estado dominado por grandes commodities como soja, milho, algodão e carne bovina.

Nesse sentido, o Projeto Gaia demonstra que não há cidades sustentáveis sem uma base rural sustentável. Hortas comunitárias, circuitos curtos de produção e consumo e a valorização da agricultura familiar agroecológica são caminhos para transformar não apenas o campo, mas também a vida urbana, aproximando produção e consumo em nome da qualidade de vida e do equilíbrio ambiental.

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