Barbárie: jovem guarani é decapitado ao lado de carta com ameaça a comunidade indígena
Uma carta encontrada junto ao corpo de Everton Lopes Rodrigues acusou indígenas de terem ligação com o PCC
247 - Um jovem indígena Avá Guarani de 21 anos foi assassinado e decapitado no último sábado (12), no município de Guaíra, no oeste paranaense. Junto ao corpo de Everton Lopes Rodrigues estava uma carta com ameaças às comunidades indígenas que lutam pela retomada de seus territórios na região.
O texto, assinado por “Bonde 06 do N.C.S.O”, fazia referência aos indígenas como paraguaios e acusaram os nativos de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A carta afirma que estão dispostos a “eliminar qualquer um que atravessar o nosso caminho”.
“Se vocês não desocupar (sic) as terras recém invadidas, nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada com ódio”, aponta um trecho do documento.
Em entrevista ao Brasil de Fato, indígenas e indigenistas do oeste do Paraná afirmaram que nunca ouviram falar de uma facção chamada ‘Bonde 06 do N.C.S.O’.
Foi a segunda decapitação de um Avá Guarani neste ano. Em 22 de março, Marcelo Ortiz, de 33 anos, foi encontrado morto com a cabeça desmembrada do corpo, em uma estrada rural de Guaíra.
No dia seguinte ao homicídio, a Polícia Federal prendeu três indígenas, suspeitos de terem cometido o crime. Conforme a investigação, a causa teria sido “um sério desentendimento” e afastou qualquer relação com conflito fundiário.
Cenário preocupante
Ao menos 208 indígenas foram assassinados no Brasil ao longo do ano de 2023. O dado consta do relatório Violência Contra os Povos Indígenas, que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou na tarde desta segunda-feira (22).
Este é o segundo pior resultado registrado desde 2014, quando o conselho, vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), passou a recorrer a dados oficiais para contabilizar homicídios de indígenas. A metodologia não leva em conta os 17 homicídios que os autores do documento classificaram como culposos, ou seja, não intencionais.
O número de assassinatos no ano passado é inferior apenas ao registrado em 2020, quando 216 indígenas morreram de forma violenta – em um primeiro momento, o conselho chegou a divulgar que 182 indígenas tinham sido mortos naquele ano, mas a informação foi posteriormente corrigida.
As estatísticas apontaram que os 208 assassinatos em 2023 significam aumento da ordem de 15,5% em comparação aos 180 registrados no ano anterior (com informações divulgadas pela Agência Brasil).
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