Entenda tudo sobre a perfuração em águas profundas no Amapá
Após licença do Ibama, Petrobras inicia pesquisa exploratória na Margem Equatorial, região estratégica para o futuro energético do Brasil
247 - A Petrobras iniciou, na segunda-feira (20/10), a perfuração de um poço em águas profundas do Amapá, após receber licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A operação marca o início da pesquisa exploratória na Margem Equatorial brasileira — uma das regiões mais promissoras e, ao mesmo tempo, mais desafiadoras para o futuro da exploração de petróleo no país. As informações são da Petrobras.
Onde fica a Margem Equatorial e por que ela é importante
A Margem Equatorial se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é considerada uma nova fronteira exploratória de petróleo e gás. Ela engloba áreas marítimas profundas próximas ao litoral norte do Brasil, em uma região geologicamente semelhante à costa oeste da África — onde já foram descobertas reservas expressivas de petróleo.
Para o Brasil, estudar o potencial dessa área é estratégico: caso sejam confirmadas reservas significativas, elas poderão garantir a autossuficiência energética do país nas próximas décadas. Segundo a Petrobras, a exploração responsável de novos campos é essencial para evitar que o Brasil volte a ser importador de petróleo a partir dos anos 2030, quando é esperado um declínio natural da produção atual.
Como funciona a perfuração em águas profundas
O poço que está sendo perfurado fica a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e 175 quilômetros da costa do Amapá, em uma área oceânica conhecida como bloco FZA-M-59. O processo deve durar cerca de cinco meses.
Essa etapa é chamada de perfuração exploratória, e tem como objetivo apenas coletar dados geológicos — ou seja, não há produção de petróleo nesse momento. Após o término, os dados obtidos serão analisados para determinar se o local tem potencial econômico para exploração.
A operação é realizada com o navio-sonda NS-42, contratado pela Petrobras junto à empresa Foresea. Esse tipo de embarcação é uma unidade de perfuração flutuante de alta tecnologia, capaz de operar em profundidades de até 3 mil metros.
Como foi o processo de licenciamento ambiental
Antes de começar a perfuração, a Petrobras precisou passar por um longo e rigoroso processo de licenciamento ambiental, conduzido pelo Ibama. Durante todo o processo, houve diálogo constante entre a companhia e o órgão ambiental.
De acordo com a Petrobras, todas as exigências foram atendidas, inclusive as recomendações feitas após a Avaliação Pré-Operacional (APO) — uma etapa que verifica se todos os planos de segurança, monitoramento e resposta a emergências estão adequados.
A estatal também apresentou ao Ibama seu plano de resposta a emergências, que inclui estratégias de atendimento à fauna marinha em caso de incidentes. Centros de Atendimento à Fauna foram estruturados em Belém (PA) e Oiapoque (AP), e poderão ser usados em futuros projetos na região.
O que vem depois do poço Morpho
O poço em perfuração foi batizado de Morpho. Depois que ele for concluído, a Petrobras avaliará os resultados antes de avançar com novos projetos. Outras áreas da Margem Equatorial, como os blocos FZA-M-57, 86, 88, 125 e 127, também estão em processo de licenciamento ambiental.
Esses estudos fazem parte de um esforço mais amplo para mapear o potencial energético da região norte do país, em uma estratégia que une ciência, tecnologia e responsabilidade ambiental.
Margem Equatorial e a transição energética
Embora a perfuração no Amapá esteja voltada à exploração de petróleo, a Petrobras destaca que suas ações estão alinhadas a uma transição energética justa e sustentável.
No Plano de Negócios 2025–2029, a companhia prevê R$ 90 bilhões em investimentos voltados à transição energética — valor 42% superior ao do plano anterior. Desse total, 15% do investimento global (CAPEX) será destinado a iniciativas de baixo carbono.
Esses projetos incluem o desenvolvimento de biocombustíveis (como etanol, biodiesel e biometano), biorrefino, além de novas fontes renováveis, como energia solar, eólica e hidrogênio de baixa emissão de carbono.
Segundo a Petrobras, “conciliar o foco na exploração responsável de petróleo e gás com a expansão do portfólio de negócios de baixo carbono é o caminho mais eficaz para que o Brasil avance na transição energética justa, sem comprometer sua soberania energética e seu desenvolvimento econômico”.
Por que essa perfuração é um marco
A perfuração em águas profundas no Amapá simboliza um novo capítulo na exploração de petróleo no Brasil. Ao mesmo tempo em que amplia o conhecimento sobre o potencial energético da Margem Equatorial, o projeto reforça o compromisso com práticas de segurança, sustentabilidade e inovação tecnológica.