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      Abiquim vê Plano Brasil Soberano como passo essencial contra tarifa dos EUA

      Entidade da indústria química avalia pacote de R$ 30 bilhões como positivo para preservar competitividade e emprego e cobra avanços rápidos nas negociações

      Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de assinatura da Medida Provisória “Brasil Soberano” (Foto: Ricardo Stuckert / PR )
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      247 - A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) classificou o Plano Brasil Soberano, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como um passo essencial para mitigar os impactos da tarifa extra de 40% imposta pelos Estados Unidos à maioria dos produtos brasileiros. Somada à sobretaxa de 10% aplicada em abril, a medida eleva para 50% o peso tributário sobre as exportações atingidas, o que ameaça a competitividade e os empregos no setor.

      Segundo dados divulgados pela própria entidade, a indústria química exporta anualmente cerca de US$ 2,5 bilhões em insumos para uso industrial ao mercado norte-americano. Além dos prejuízos diretos, a Abiquim manifesta preocupação com efeitos indiretos sobre setores clientes, como plásticos, calçados, alimentos e vestuário, que agora também poderão acessar os instrumentos de apoio previstos no pacote.

      O plano do governo prevê R$ 30 bilhões em crédito a exportadores, ajustes no programa Reintegra, prorrogação de prazos no regime de drawback, medidas de proteção ao emprego e até compras governamentais de produtos que perderam competitividade com o tarifaço. As ações atendem a reivindicações históricas da indústria química e de segmentos que transformam insumos nacionais em itens de maior valor agregado para o mercado dos EUA.

      A Abiquim destaca que, dos cerca de 700 itens inicialmente incluídos na lista tarifada, cinco já foram excluídos, preservando US$ 1 bilhão em exportações. A entidade identificou ainda outros 90 códigos NCM, que somam cerca de US$ 500 milhões anuais. Caso as negociações avancem, o montante protegido poderá chegar a US$ 1,5 bilhão.

      Desde o início da crise, a associação atua junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e outras autoridades, defendendo medidas como devolução imediata de créditos tributários, ampliação do Reintegra e criação de novas linhas de financiamento. Entre outras ações consideradas estratégicas, a Abiquim cita a aprovação de direitos provisórios em investigações antidumping na Camex, a renovação e inclusão de novos produtos químicos na lista de Desequilíbrios Comerciais Conjunturais do Mercosul e a aprovação do Projeto de Lei nº 892/2025 (PRESIQ), que tramita no Congresso.

      Em nota conjunta com o American Chemistry Council (ACC), a Abiquim lembra que Brasil e EUA mantêm uma relação econômica historicamente complementar, com cadeias produtivas integradas e mais de 20 empresas norte-americanas operando no país. “É fundamental que as negociações bilaterais avancem com base em critérios técnicos e econômicos, longe de motivações geopolíticas, preservando a integração produtiva e a resiliência das cadeias de suprimento”, afirmou André Passos Cordeiro, presidente-executivo da entidade.

      A associação alerta que, se as tarifas forem mantidas, será inevitável buscar novos mercados para reduzir perdas. Embora o impacto sobre o emprego deva ocorrer de forma mais lenta, devido à alta qualificação da mão de obra, a situação exige monitoramento constante. Para a Abiquim, a magnitude do pacote justifica um acompanhamento detalhado, que poderá indicar a necessidade de uma segunda etapa de medidas.

      A entidade reforça que seguirá empenhada para que os recursos e instrumentos do Plano Brasil Soberano cheguem de forma ágil às empresas mais afetadas e para ampliar as negociações internacionais que possam excluir mais produtos da lista tarifada, garantindo a competitividade da indústria e preservando uma parceria estratégica entre Brasil e Estados Unidos.

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