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Defensora da vida selvagem e especialista em primatas, Jane Goodall morre aos 91 anos

Goodall revolucionou a primatologia ao dar nomes aos animais em vez de números, registrar suas personalidades, laços familiares e emoções

A primatologista, etóloga e antropóloga britânica Jane Goodall posa para uma foto na Embaixada Britânica em Buenos Aires, Argentina, 15 de agosto de 2024 (Foto: REUTERS/Irina Dambrauskas)

Por Susan Heavey (Reuters) - A cientista e ativista global Jane Goodall, que transformou sua paixão de infância pelos primatas em uma missão de vida dedicada à proteção do meio ambiente, morreu aos 91 anos, informou nesta quarta-feira (1º) o instituto que leva seu nome.

Segundo a instituição, Goodall morreu de causas naturais na Califórnia, durante uma turnê de palestras.

“As descobertas da Dra. Goodall como etóloga revolucionaram a ciência, e ela foi uma defensora incansável da proteção e restauração do nosso mundo natural”, destacou o Instituto Jane Goodall em publicação no Instagram.

Pioneira no estudo dos chimpanzés

Nascida em Londres em 1934, Jane Goodall alcançou notoriedade mundial ao realizar, nos anos 1960, os primeiros estudos aprofundados sobre chimpanzés em ambiente selvagem, no atual território da Tanzânia. Sob orientação do renomado antropólogo Louis Leakey, ela fundou a Reserva de Chimpanzés de Gombe Stream, mais tarde transformada em centro de pesquisas.

Goodall revolucionou a primatologia ao dar nomes aos animais em vez de números, registrar suas personalidades, laços familiares e emoções. Também descobriu que os chimpanzés fabricam e utilizam ferramentas, o que alterou os paradigmas científicos da época.

De pesquisadora a ativista global

Com o tempo, Goodall deixou o trabalho de campo para se dedicar à defesa ambiental. Em 1977, criou o Instituto Jane Goodall, que hoje atua em diversos países com programas de conservação, educação e saúde. Também fundou a iniciativa Roots & Shoots, voltada a crianças e jovens.

Sua trajetória a levou de uma vila litorânea na Inglaterra à África e, depois, ao mundo inteiro. Durante décadas, viajou em média 300 dias por ano, levando mensagens sobre conservação e mudanças climáticas a autoridades, escolas e comunidades.

Em 2003, recebeu o título de Dame do Império Britânico, e em 2025 foi condecorada com a Medalha Presidencial da Liberdade nos Estados Unidos.

Legado duradouro

Autora de mais de 30 livros, incluindo o best-seller Reason For Hope: A Spiritual Journey (1999), Goodall se tornou referência global em ciência e ativismo ambiental. Apesar de denunciar a devastação do planeta, sempre transmitiu uma mensagem de esperança.

“Sim, há esperança... Está em nossas mãos, nas suas, nas minhas e nas das nossas crianças. Cabe a nós”, afirmou em 2002.

Jane Goodall deixa um filho, conhecido como “Grub”, fruto de seu casamento com o cinegrafista Hugo van Lawick, de quem se divorciou em 1974.

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