O dinheiro na cueca que levou PF a investigar presidente da CBF

247 - A Polícia Federal iniciou uma investigação contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, após a apreensão de R$ 500 mil com o empresário Renildo Lima, marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR). Parte do dinheiro estava escondida na cueca do empresário. A descoberta levou à deflagração da operação Caixa Preta, que investiga um esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2024 em Roraima. As informações são da jornalista Samantha Rufino, do g1.

A operação, realizada na quarta-feira (30), cumpriu mandados de busca e apreensão em Boa Vista (RR) e no Rio de Janeiro (RJ). Apesar de Samir Xaud ser citado nas investigações, a Polícia Federal ainda não esclareceu sua ligação direta com o montante encontrado com Renildo.

Samir e Helena são filiados ao MDB e pertencem ao mesmo grupo político no estado. O atual presidente da CBF, médico de formação e natural de Boa Vista, foi suplente de deputado federal em 2022 antes de assumir a presidência da confederação em maio deste ano. Ele é filho de Zeca Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol desde 1975.

A CBF confirmou, por meio de nota, que recebeu agentes federais na sede da entidade, mas destacou que a ação "não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro" e que Samir Xaud "não é o centro das apurações".

Já a deputada federal Helena da Asatur declarou que foi “surpreendida pela notícia e esclarece que jamais foi notificada a prestar esclarecimentos às autoridades competentes”.

A prisão de Renildo Lima ocorreu em setembro de 2024, após uma denúncia anônima apontar compra de votos. O empresário foi detido com outras cinco pessoas, incluindo uma advogada e dois policiais militares do Bope. Na ocasião, a Polícia Federal flagrou o dinheiro escondido em sua roupa íntima, e o momento foi registrado em uma imagem que mostra parte das cédulas saindo da cintura de sua calça.

Renildo é sócio majoritário da Asatur, uma das maiores empresas de transporte intermunicipal de Roraima, e também da Voare Táxi Aéreo, companhia que presta serviços ao Ministério da Saúde para atendimento à Terra Indígena Yanomami. A Asatur é avaliada em R$ 11,1 milhões, com atuação em diversas cidades do estado e também na rota entre Boa Vista e Manaus (AM), pela BR-174.

A deputada Helena, que cumpre seu primeiro mandato, foi eleita em 2022 com mais de 15 mil votos e declarou R$ 10 milhões em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Roraima, é considerada uma das empresárias mais influentes do setor de transportes no estado.

Outro nome que apareceu como alvo da operação foi Igo Brasil, atual superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Roraima. Natural de Boa Vista, Igo tem histórico de atuação em cargos públicos como escrivão da Polícia Civil, soldado do Corpo de Bombeiros, superintendente da PRF e presidente do Detran-RR.

A Polícia Federal segue com as investigações, e os bens apreendidos devem passar por análise detalhada. Laudos periciais estão em andamento para esclarecer os vínculos entre os envolvidos e a origem do dinheiro localizado.