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Veneziano alerta para escalada de tensão entre Congresso, STF e oposição e defende veto de Lula à dosimetria

O senador do MDB da Paraíba diz que ofensiva da direita mira o Senado, critica PEC da blindagem e cobra explicações do Banco Central sobre caso Master

Senador Veneziano Vital do Rêgo (Foto: Agência Senado / Waldemir Barreto)

247 - O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) afirmou que o Brasil caminha para um cenário de confronto político permanente até as eleições de 2026, impulsionado pela estratégia da extrema-direita de capturar o Senado e fragilizar as instituições democráticas. As declarações foram feitas em entrevista ao Bom dia 247.

Segundo Veneziano, o atual clima de instabilidade em Brasília já estava previsto desde a eleição de 2022, quando uma Câmara dos Deputados majoritariamente conservadora foi formada.

“O que nós assistimos em 2025 foi aquilo que bem sabíamos: uma situação na qual o governo teria dificuldades, porque convive com uma Câmara de Deputados que, sabidamente, é hostil aos propósitos das políticas e das iniciativas do governo”, afirmou.

O senador avaliou que, apesar da oposição no Congresso, o governo Lula tem conseguido avançar em pautas estruturais.

“Mesmo com os solavancos, nós avançamos consideravelmente: a isenção do imposto de renda, a taxação de bets e fintechs, a conclusão da segunda parte da reforma tributária”, disse.

Para Veneziano, o conflito permanente interessa politicamente à oposição. “Isso é o que alimenta a oposição. É o que alimenta esse universo que se antagoniza a qualquer projeto de recomposição, de reconstrução e de avanço”, declarou.

O senador também comentou as investigações conduzidas pelo ministro Flávio Dino, do STF, sobre emendas parlamentares e possíveis irregularidades na destinação de recursos.

Ele rejeitou a narrativa de que o Supremo estaria atacando o Parlamento. “Não significa dizer que o Supremo Tribunal Federal esteja se insurgindo contra o Parlamento. O papel do ministro Flávio Dino é investigar no momento em que chegam informações e questionamentos”, afirmou.

Veneziano reconheceu, no entanto, que houve excesso no volume de recursos destinados às emendas. “Acho que houve um extrapolamento. Avançou-se sobre uma limitada capacidade de investimentos discricionários do governo”, avaliou.

O senador criticou o projeto aprovado pelo Congresso que flexibiliza penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o chamado PL da dosimetria. Veneziano votou contra a proposta e defendeu o veto presidencial.

“A proposta foi pessimamente concebida. O alvo real eram aqueles que urdiram o golpe: Jair Bolsonaro, seus generais, Anderson Torres, Ramagem”, afirmou.

Segundo ele, a iniciativa envia uma mensagem perigosa à sociedade. “É uma mensagem pedagogicamente péssima. É como dizer: podem quebrar, porque não vai acontecer nada”, alertou.

Sobre a suposta conversa entre o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, com o objetivo de interceder em favor do Banco Master, instituição que é alvo de investigações por suspeita de fraude, Veneziano afirmou que as explicações apresentadas ainda são suficientes. “O silêncio é que gera dúvidas”, afirmou.

Ele acrescentou: “Na ausência desses esclarecimentos, quem deseja continuar a colocar fogo no ambiente vai fazê-lo.”


Disputa na Paraíba e MDB em 2026

Na política local, Veneziano confirmou que será candidato à reeleição ao Senado pela Paraíba e reconheceu que enfrentará estruturas poderosas.

“Meu maior adversário é o dinheiro. Eu luto contra estruturas gigantescas”, declarou. Ele afirmou que o MDB da Paraíba apoia Lula desde 2022 e seguirá nesse caminho.

“Nós anunciamos o voto e o apoio ao presidente Lula por convicção”, disse.

No plano nacional, o senador previu que o MDB deverá novamente liberar seus diretórios regionais.

“No Nordeste, os diretórios devem seguir a candidatura à reeleição do presidente Lula”, afirmou.

“Vai ser um ano de confronto político”, disse Veneziano, que  fez um alerta sobre o clima que se desenha para o próximo ciclo eleitoral.

“Não estou muito na expectativa de que vamos ter uma mudança de rota para 2026. Essa briga, essa disputa, vai ser permanente”, concluiu.

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