“Estamos amarrados à lógica da Faria Lima e do Congresso”,diz Valter Pomar
Pomar alerta para os impactos do corte de gastos na base eleitoral do governo e no futuro das políticas sociais
247 - O pacote fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad foi alvo de duras críticas de Valter Pomar, historiador, analista político e dirigente do PT. Para ele, as medidas anunciadas comprometem diretamente o eleitorado que garantiu a vitória do presidente Lula em 2022.
“Os cortes afetam salários mínimos, o Bolsa Família, o BPC e outros benefícios essenciais. Esses são os programas que mais impactam a base social do governo,” apontou. Segundo Pomar, o governo precisa repensar a estratégia econômica e priorizar o fortalecimento das políticas públicas em vez de ceder às pressões de setores conservadores.
O comentarista destacou que o novo marco fiscal, proposto para substituir o teto de gastos, foi concebido de forma "draconiana". “Esse marco nos força a fazer cortes, e isso prejudica quem mais precisa. Estamos amarrados à lógica da Faria Lima e do Congresso.”
Pomar ainda criticou o tratamento dado ao salário mínimo, cuja política foi alterada para incluir um teto de crescimento. “Essa mudança é um retrocesso. O salário mínimo, que já está abaixo do necessário, deveria crescer com o PIB. Ao limitar esse crescimento, estamos tirando do trabalhador o que ele mesmo ajudou a produzir.”
Sobre as emendas parlamentares, Pomar vê a liberação como mais um exemplo de chantagem política que enfraquece o governo. “Estamos reféns de pressões por todos os lados. A opção por ceder constantemente pode nos levar a uma derrota em 2026 ou a uma vitória tão amarrada que será impossível governar.”
Para ele, é necessário adotar uma postura mais combativa, tanto no campo econômico quanto no político. “É hora de romper com as concessões e apostar em medidas que fortaleçam a classe trabalhadora. Sem isso, continuaremos reféns de uma correlação de forças desfavorável.” Assista:
