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"Dificilmente o Chile não migrará à direita ou extrema direita nas eleições de 2025", diz especialista

Candidatos opositores aparecem em vantagem nas pesquisas, enquanto a esquerda enfrenta indefinições, explica o jornalista Lucas Berti. Assista na TV 247

O presidente do Chile, Gabriel Boric, e o jornalista Lucas Berti (Foto: REUTERS | Arquivo pessoal)
Guilherme Paladino avatar
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247 - As eleições presidenciais chilenas, previstas para novembro deste ano, possivelmente consolidarão uma mudança significativa no cenário político do país, com uma guinada para a direita ou até para a extrema direita. É o que avalia Lucas Berti, jornalista especializado em política latino-americana e um dos criadores do Giro Latino. Em entrevista à TV 247 [veja completa no vídeo no fim da matéria], Berti destacou o contexto sociopolítico que favorece o fortalecimento de forças conservadoras no Chile e o desgaste enfrentado pelo governo de Gabriel Boric, presidente de esquerda eleito em 2021.

"A menos que alguma coisa muito drástica aconteça, dificilmente a gente não vai ver o Chile migrando pra direita. Resta a gente ver se vai migrar para a direita ou para a extrema direita", afirmou Berti, apontando José Antonio Kast, líder da direita reacionária chilena, como um dos principais nomes para a disputa presidencial. Kast, que em 2021 foi derrotado por Boric no segundo turno, relativiza os crimes da ditadura de Augusto Pinochet e ganhou força em meio a uma onda de insegurança e insatisfação social.

DE PROMESSAS DE MUDANÇA À CRISE DE GOVERNABILIDADE - O Chile que elegeu Boric parecia inclinado a romper com o legado da ditadura pinochetista. Movimentos populares viabilizaram uma constituinte para substituir a Constituição herdada do regime militar, e a escolha de Boric, um jovem líder oriundo de movimentos estudantis, reforçou a expectativa de mudanças estruturais. No entanto, o cenário mudou nos últimos anos.

Berti aponta que a pandemia e questões internas desgastaram a gestão Boric. "O próprio Boric se desgastou muito com os movimentos sociais e indígenas, porque criticam muito a militarização imposta em regiões do sul, que estão convulsionadas", explicou. Ao mesmo tempo, a crescente percepção de insegurança entre os chilenos abriu espaço para a retórica conservadora. "Mais de 90% dos chilenos já associam a entrada de estrangeiros à alta da violência, segundo pesquisas. Isso faz com que o voto acabe migrando um pouco para a direita. E esse é o grande desafio dos governistas no Chile hoje", completou.

INDEFINIÇÃO NA ESQUERDA - Enquanto candidatos de direita e extrema direita, como Kast, aparecem em vantagem nas pesquisas, a esquerda enfrenta um momento de incerteza. Gabriel Boric, pelas regras eleitorais chilenas, não pode disputar a reeleição de forma consecutiva, e a ex-presidenta Michelle Bachelet, vista como um nome popular, descartou sua candidatura. "Por enquanto, não emergiu um nome forte na esquerda chilena pra tentar desafiar as urnas", avaliou o jornalista.

Para Berti, o contexto geral aponta para uma "guinada conservadora no Chile", especialmente pela falta de unidade e liderança no campo progressista. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: 

 

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