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      “A matança de jornalistas é uma ofensiva para silenciar a imprensa”, diz Ualid Rabah

      Presidente da Fepal afirma que mortes de profissionais e ataques a hospitais e redações visam impedir a documentação do conflito em Gaza

      “A matança de jornalistas é uma ofensiva para silenciar a imprensa”, diz Ualid Rabah (Foto: Divulgação )
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      247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, afirmou que há uma política deliberada para calar a cobertura do conflito em Gaza. Segundo ele, a sequência de mortes de repórteres e os ataques a estruturas civis têm como objetivo impedir a apuração jornalística. “A matança de jornalistas é uma ofensiva para silenciar a imprensa”, disse Rabah.

      O dirigente ressaltou que os bombardeios atingem inclusive hospitais e equipes de resgate, configurando uma tática voltada a eliminar tanto quem socorre quanto quem registra os fatos. “Houve dois ataques. Foi no segundo ataque que morreram os socorristas, os jornalistas e os médicos no momento em que socorriam as pessoas”, relatou, ao comentar o caso do complexo médico Nasser.

      Segundo Rabah, há um esforço sistemático para inviabilizar a presença da imprensa em Gaza. “Destruíram as infraestruturas de todas as televisões e jornais, além das agências de notícia internacional que operavam em Gaza. Depois proibiram a entrada de qualquer correspondente estrangeiro e agora continuam matando os poucos jornalistas que estão ali”, afirmou.

      Ele destacou ainda os números mais recentes sobre profissionais mortos, chamando atenção para a dimensão histórica da tragédia. “A matança de jornalistas chegou hoje. Há uma dúvida se é 245 ou 246. Nós estamos apostando que o número é de 246 porque nós tivemos uma informação agora há pouco e que mais um jornalista foi morto”. Para Rabah, o objetivo não é apenas restringir a cobertura imediata, mas também eliminar registros futuros. “Eles estão tentando impedir que o genocídio seja televisionado e, ao mesmo tempo, exterminar profissionais de comunicação, socorristas e médicos, o que significa apagar provas e indícios do genocídio”.

      Ele ressaltou ainda que a estratégia inclui o uso de ataques sucessivos para atingir quem chega ao local após as primeiras explosões. “O ataque foi premeditado quando feito pela segunda oportunidade. Ou seja, ele visava atacar os médicos socorrendo, matar os socorristas e também os jornalistas”, explicou.

      Rabah afirmou que, além da destruição de hospitais e estruturas de comunicação, a eliminação de testemunhas busca dificultar qualquer investigação futura. “Com a destruição dos registros comunicacionais, a matança de jornalistas e a eliminação de testemunhas, eles estão tentando encobrir o crime”, disse.

      O presidente da Fepal também relacionou o silenciamento à fase de escassez extrema de alimentos, argumentando que o objetivo é ocultar o impacto da fome. “Impedir que a fase final [do conflito], a da fome, seja televisionada como arma de guerra para o extermínio massivo pela fome”.

      Ao abordar pressões externas e realocações de refugiados, Rabah mencionou o papel de atores internacionais. Em referência aos “clamores do Trump”, citou Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, como parte de um cenário político que, em sua visão, influencia decisões na região.

      Para Ualid Rabah, a soma entre mortes de jornalistas, bloqueio a correspondentes, destruição de estruturas de mídia e ataques a equipes de resgate constitui um método de guerra para suprimir a verificação independente dos fatos em Gaza. “Eles estão agindo da seguinte maneira [...] impedir que o [conflito] seja televisionado”, afirmou. Sua denúncia central é que o silenciamento da imprensa não é efeito colateral, mas parte de uma estratégia destinada a restringir informação, documentação e responsabilização.

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