Startup brasileira ajuda vítimas de golpes digitais a recuperarem seu dinheiro
Após o pai cair em um golpe, Márcia Netto criou a Silverguard, que já ajudou mais de 100 mil vítimas com tecnologia antifraude e inteligência artificial
Beatriz Bevilaqua, 247 - Em um país onde quase todas as transações financeiras já são digitais - 97%, segundo o Banco Central - e golpes online movimentaram mais de R$ 25 bilhões apenas no último ano, empreender com segurança cibernética é, mais do que um bom negócio, uma necessidade coletiva. Foi essa urgência, somada a uma dor pessoal, que impulsionou a criação da Silverguard, uma startup brasileira que tem ajudado milhares de pessoas a se proteger e a recuperar dinheiro perdido para golpistas digitais.
A fundadora e CEO Márcia Netto conhece de perto os impactos desse tipo de crime. “A Silverguard nasceu de uma motivação pessoal. Meu pai foi vítima de um golpe. Um dos homens mais inteligentes que conheço. Foi aí que entendi: qualquer pessoa pode cair. E resolvi transformar indignação em ação”, conta.
Com mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia e já em seu terceiro empreendimento, Márcia construiu um ecossistema de soluções voltadas à prevenção, denúncia e mitigação de fraudes digitais. Um dos destaques é o SOS Golpe, a primeira plataforma de antifraude social do país. A ferramenta conecta vítimas de golpes ao sistema financeiro, aumentando significativamente as chances de reaver valores transferidos indevidamente.
Além disso, a Silverguard criou o AI Scam Checker, um sistema de inteligência artificial que reconhece padrões e táticas de fraude com precisão, classificando e sinalizando contas envolvidas em crimes. “Ele já identificou mais de 120 táticas diferentes. Toda semana surge uma nova. A IA nos ajuda a acompanhar essa criatividade assustadora dos golpistas”, explica Márcia.
A startup também desenvolveu soluções para o setor financeiro, como um score antifraude que permite o bloqueio ágil de contas laranja - aquelas que foram abertas com dados reais, mas são usadas para receber dinheiro de vítimas. “O problema hoje não são mais as contas falsas, mas as laranjas. E para combatê-las, não adianta olhar só para o onboarding. Precisamos agir no offboarding: fechar rapidamente essas contas quando detectado o golpe”, afirma.
Outro produto estratégico da Silverguard é o MED-as-a-Service, uma plataforma que apoia instituições financeiras na implementação do Mecanismo Especial de Devolução (MED), previsto na Resolução BCB nº 142/2021. O MED permite o bloqueio de valores no banco de destino da transação em casos de suspeita de fraude, oferecendo às vítimas uma chance real de recuperação — uma medida pró-vítima que ainda é pouco conhecida do grande público.
Um ecossistema que cresce na dor, mas age com empatia
A Silverguard já auxiliou mais de 100 mil vítimas por meio de sua central de denúncias, totalmente gratuita. E mesmo sendo um negócio com modelo B2B - a monetização vem da prestação de serviços para bancos e fintechs - a missão permanece centrada em proteger pessoas comuns. “Nosso diferencial é que nascemos com o propósito de ajudar vítimas. Isso muda tudo. A gente coloca a voz delas no centro da jornada e usa IA do bem para combater a IA do mal”, diz Márcia.
Na era do Pix, da inteligência artificial generativa e das deepfakes, os golpes estão cada vez mais sofisticados. De boletos falsos a vídeos forjados com vozes de familiares, passando por fraudes emocionais e ameaças, os criminosos usam táticas que exploram vulnerabilidades humanas. “Os golpes não miram só idosos. Todo mundo está vulnerável. A diferença é que os mais velhos perdem, em média, quatro vezes mais. Por isso, educação digital é essencial, mas também precisamos de soluções eficazes quando a prevenção falha.”
O nome Silverguard não foi escolhido à toa. “Significa ‘guardiões da prata’. Não estamos falando apenas de dinheiro, mas da dignidade das pessoas, daquilo que elas levaram a vida toda para conquistar. Nosso papel é proteger isso”, resume Márcia.
Com apoio de grandes investidores e uma equipe altamente especializada, a startup cresce em ritmo acelerado e já é referência em segurança digital no país. Para novos empreendedores, a história da Silverguard oferece uma lição poderosa: grandes negócios podem e devem nascer de grandes dores, desde que tenham propósito, tecnologia e empatia como guias.
“Os golpistas estão cada vez mais organizados. Eles trocam informações, usam CRMs na dark web, acessam dados pessoais em segundos. Não é justo esperar que a vítima enfrente isso sozinha. Por isso acreditamos na força da rede, na colaboração entre sociedade, tecnologia e instituições financeiras. O futuro da segurança digital é coletivo”, conclui Márcia.
Para quem busca se informar ou orientar alguém que foi vítima de golpe, a Silverguard disponibiliza um estudo sobre os principais tipos de fraudes envolvendo Pix, acessível em seu site. A iniciativa também mantém o perfil @SOSGolpe nas redes sociais, com atualizações e dicas de prevenção. Informação qualificada pode ser um importante passo tanto para evitar fraudes quanto para buscar a reparação. Assista a entrevista na íntegra aqui:
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