Sebrae projeta catadores como agentes do empreendedorismo verde e da inclusão social

247 - O Sebrae está colocando os catadores e catadoras de materiais recicláveis no centro das estratégias de empreendedorismo sustentável no Brasil. Nesta terça-feira (17), representantes de cooperativas de 17 estados participaram, em Brasília, do Seminário Técnico do Projeto Nacional Pró-Catadores, que debateu os desafios da gestão de resíduos sólidos e buscou soluções para fortalecer o setor. As informações são da Agência Sebrae de Notícias (ASN).

Durante a abertura do evento, o presidente do Sebrae, Décio Lima, destacou a importância de romper preconceitos históricos contra a categoria e reconhecer seu papel essencial na economia e no meio ambiente. “Temos que romper com esse sistema cultural e mostrar o que é esse segmento. São aqueles que acordam de manhã e salvam o planeta, a vida, superam um mercado que os massacra e fazem uma atividade imprescindível para a sociedade. Se não houver os catadores, não há futuro para o mundo”, afirmou.

Para Lima, o fortalecimento das cooperativas é parte de um processo mais amplo de inclusão social e de transformação econômica. “Ser catador não é pouca coisa. Ser catador é transformar a vida do povo brasileiro. É produzir inclusão social. Que esse seminário seja motivo de fortalecimento. Estamos todos envolvidos neste projeto e queremos que aqui seja a casa dos catadores e catadoras”, completou, ao defender a integração dos municípios às políticas públicas do setor.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, reforçou o alinhamento do projeto com a missão do Sebrae ao destacar o caráter empreendedor da atividade. “Essa classe foi tratada por muito tempo com preconceito, mas eles são empreendedores. Têm tudo a ver com a missão do Sebrae. São pessoas que dedicam a sua vida para que as nossas cidades sejam limpas, é um serviço de complexidade muito grande”, declarou.

Macedo defendeu a ampliação do apoio institucional. “Esse seminário é uma oportunidade de nivelar conhecimento, instrumentalizar e construir este novo momento do país a várias mãos. Precisamos atrair os governos para aderir ao projeto e colocar como prioridade os mais de 2 milhões de brasileiros que atuam no setor”, afirmou.

A presidente da União Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Unicatadores), Claudete Costa, chamou atenção para a dimensão econômica da reciclagem e exigiu protagonismo. “É uma cadeia produtiva da reciclagem que movimenta bilhões no nosso país. É uma pauta muito importante, e estamos aqui lutando para sobreviver. Não queremos só ser ouvidos, mas fazer parte da discussão, da inclusão e sermos protagonistas nesta cadeia”, defendeu. “Queremos ser vistos como empresários da sustentabilidade”, completou.

Sobre o projeto
O Projeto Nacional Pró-Catadores já está em execução em 17 unidades da federação — Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo — e tem como meta, até 2025, alcançar todo o país. A expectativa é atender diretamente 6.770 catadores e apoiar 333 cooperativas.

A iniciativa é coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República e conta com a participação do Sebrae como entidade convidada do Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores (CIISC).

Durante o seminário, também foram discutidos temas como políticas públicas voltadas ao setor, o papel dos municípios e consórcios municipais, modelos de contratação de cooperativas, pagamento por serviços ambientais, participação em grandes eventos e a tributação na cadeia da reciclagem.