Presidente do Sebrae diz que tarifaço de Trump contra o Brasil fortalece patriotismo e abre caminho para novos mercados

247 - Após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar para 50% a tarifa sobre determinados produtos brasileiros, o presidente do Sebrae, Décio Lima, reagiu com otimismo e defendeu que a medida, em vez de representar um revés, deve ser encarada como uma oportunidade estratégica para o fortalecimento da economia nacional. A declaração foi publicada originalmente pela Agência Sebrae de Notícias nesta quarta-feira (30).

“O tarifaço dos EUA não é uma tragédia para o Brasil — é um despertar”, afirmou Lima. “O Brasil é gigante, tem riqueza, povo empreendedor e vocação global. Chegou a hora de agir com patriotismo e coragem.” Segundo ele, o cenário adverso pode impulsionar o país a diversificar sua presença internacional e a acessar novos mercados. “Tenho certeza de que vamos ainda ter a abertura de novos mercados nesta economia globalizada e vamos entrar em outros territórios nos quais nunca pisamos”, acrescentou.

Para o presidente do Sebrae, a resposta brasileira deve ser de altivez, e não de submissão. Ele acredita que a taxação imposta por Washington poderá, paradoxalmente, estimular o sentimento de unidade e confiança entre os brasileiros. “Toda essa situação vai mostrar para nós aquilo que historicamente a gente não conseguia enxergar, que é a grandeza do nosso país”, declarou. “Não somos mais um território de subserviência, de gente pequena, um país de terceiro mundo.”

Lima destacou ainda que o bom momento da economia brasileira, impulsionado pelos pequenos negócios, permite encarar com firmeza esse tipo de desafio. Segundo ele, mais de 2,6 milhões de CNPJs foram abertos apenas neste ano, e os pequenos empreendimentos respondem por mais de 60% dos empregos gerados no país.

“Eu não posso imaginar que essas taxações, fronteiras econômicas, podem levar qualquer um de nós a voltar ao campo da subserviência, da humilhação e da resignação, de baixar a cabeça. O Brasil é dos brasileiros. Não será uma porcentagem de taxa que querem impor ao modelo econômico brasileiro que irá nos limitar”, enfatizou.

Além do potencial interno, Décio Lima também exaltou os diferenciais estruturais e culturais do Brasil. “Lá, eles [americanos] não têm a criatividade que tem no Brasil. Por isso, estou muito convencido que isso tudo aí é para nos despertar”, afirmou. Ele vê no espírito empreendedor e na diversidade dos biomas brasileiros uma vantagem competitiva relevante para contornar o impacto da medida norte-americana.

Segundo o Sebrae, 68% das exportações dos pequenos negócios brasileiros ainda se concentram nas Américas (28% para a América do Sul, 24% para a América do Norte e 7% para a América Central e Caribe). Mesmo assim, o segmento tem conquistado espaço crescente no comércio exterior.

Nos últimos dez anos, o número de pequenos empreendedores que exportam produtos e serviços aumentou 120%, enquanto nas médias e grandes empresas o crescimento foi de 29%. Hoje, os pequenos negócios representam 41% das empresas exportadoras do Brasil, embora movimentem apenas cerca de 0,9% do valor total exportado.

Em termos financeiros, os resultados também são expressivos. O valor exportado por micro e pequenas empresas cresceu 152% em uma década, atingindo US$ 2,8 bilhões em 2023 — o terceiro melhor desempenho da série histórica, ficando atrás apenas dos anos de 2021 e 2022.

Para Lima, esse avanço mostra que os pequenos negócios têm papel decisivo na construção de um Brasil mais autônomo no cenário internacional. E, diante do novo desafio imposto pelos EUA, a palavra de ordem, segundo ele, é autoconfiança. “O que está faltando é acreditarmos em nós, acreditar inclusive, nessa produção extraordinária da pulverização econômica e nesse espírito empreendedor do povo brasileiro.”