Pix e novas tecnologias aceleram revolução nos meios de pagamento no Brasil
Estudo projeta alta global de 80% nas transações digitais em 2025, enquanto hubs de pagamento e biometria redesenham o consumo no país
247 - O sucesso meteórico do Pix no Brasil mostra como a tecnologia pode transformar, em poucos anos, a forma como consumidores e empresas lidam com o dinheiro. Lançado pelo Banco Central em 2020, o sistema de transferências instantâneas tornou-se referência internacional, ao unir velocidade, segurança e praticidade em uma única solução — e, sobretudo, ao conquistar a adesão maciça dos brasileiros.
Segundo pesquisa da PwC em parceria com a consultoria Strategy&, essa revolução ainda está no começo. O levantamento, divulgado originalmente pelo estudo global das empresas, estima que o volume de pagamentos virtuais no mundo crescerá mais de 80% até dezembro, alcançando quase 1,9 trilhão de transações por ano. Os dados indicam uma mudança estrutural permanente na forma de movimentar recursos.
No Brasil, esse avanço é potencializado pelo amadurecimento do ecossistema financeiro e pela consolidação de ferramentas como o hub de pagamentos. “Esse crescimento de transações expõe uma dor em comum nas empresas: a complexidade da gestão. Lidar com múltiplos provedores, um para o checkout, outro para o antifraude, um terceiro para a conciliação, cria uma ‘colcha de retalhos’ tecnológica que é ineficiente, cara e gera dados fragmentados”, analisa Monisi Costa, diretora de Payments & Banking da Vindi.
Para ela, a solução passa por concentrar as operações em um único ambiente. “O conceito de hub de pagamentos ganha força não apenas como conveniência, mas como evolução estratégica. Ele atua como um verdadeiro sistema operacional financeiro, unificando todos os pontos da jornada de pagamento em uma única infraestrutura inteligente, do aceite da transação à conciliação final.”
Pagamentos por aproximação ganham força
O consumidor brasileiro também tem adotado rapidamente tecnologias que eliminam etapas no momento da compra. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que, apenas no primeiro trimestre deste ano, os pagamentos por aproximação movimentaram R$ 423,1 bilhões, crescimento de 38,6% frente ao mesmo período de 2024.
Já a Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag) registra que o Pix somou R$ 17 trilhões em volume total no último ano, com média de mais de 3 bilhões de operações mensais. Uma pesquisa da Cielo com o instituto Ipsos aponta que 71% dos consumidores querem dispor de diversas formas de pagamento — mas sem abrir mão da simplicidade.
“Hoje, oferecer múltiplas formas de pagamento não é mais um diferencial, é uma exigência do consumidor moderno”, afirma Monisi. “Ao integrar cartão, Pix, boleto, bolepix e links em um só hub, aumentamos a conversão e reduzimos barreiras na jornada de compra.”
O próximo salto: biometria e inteligência artificial
A executiva projeta que a próxima grande mudança virá da união entre open finance e inteligência artificial. “Pagamentos automatizados com base no comportamento do consumidor e nos dados financeiros compartilhados com segurança serão comuns. Também veremos a ascensão de modelos biométricos, que trazem praticidade, segurança e uma experiência quase invisível para o usuário”, avalia.
A aplicação da IA vai além da segurança, podendo personalizar a experiência de compra, sugerir meios de pagamento adequados ao perfil e até oferecer crédito instantâneo ou parcelamentos customizados. Tendências como o modelo “compra agora, paga depois” (BNPL) também devem remodelar a relação com o crédito.
Geração Z lidera a mudança cultural
De acordo com o The New York Times, cerca de 80% da geração Z já usa carteiras digitais, abandonando progressivamente documentos físicos e dinheiro em espécie. Tecnologias como NFC, mPOS e carteiras digitais integradas a serviços financeiros consolidam a “desmaterialização” do consumo.
Além disso, moedas digitais emitidas por bancos centrais — como as testadas no Brasil, China, Japão e Índia — podem baratear e acelerar transações internacionais. O desafio, para empresas e consumidores, será se adaptar rapidamente, antecipando tendências e aproveitando as oportunidades dessa nova era.
O futuro dos pagamentos no Brasil, ao que tudo indica, será cada vez mais digital, inteligente e personalizado.