Pequenos negócios geram empregos e movimentam a economia brasileira
Micro e pequenas empresas representam 97% do total de companhias no país e beneficiam mais de 96 milhões de pessoas em todo o Brasil
247 - Quando se fala em economia brasileira, a imagem de grandes indústrias e corporações pode vir à mente. Mas é no comércio da esquina, na padaria do bairro ou no pequeno restaurante da cidade que pulsa a maior parte da geração de renda do país. Segundo a segunda edição do Atlas dos Pequenos Negócios, divulgada pelo Sebrae no último dia 24, as micro e pequenas empresas (MPEs) respondem por 97% do total de companhias no Brasil e sustentam a renda de mais de 96 milhões de pessoas. Esse contingente supera a soma da população de três regiões inteiras do país — Norte, Sul e Centro-Oeste.
A relevância desses empreendimentos é reforçada por outro dado: a cada 10 vagas formais criadas, 8 vêm das MPEs. Somente em agosto de 2024, dos 147,3 mil empregos com carteira assinada gerados no Brasil, mais de 124 mil (84,5%) foram criados por pequenos negócios. “O nosso povo não está apenas reagindo a dificuldades, mas escolhendo o caminho do protagonismo e da inovação”, afirmou o presidente do Sebrae, Décio Lima, ao comentar os resultados.
Por trás dos números estão histórias como a de Raquel Pacheco, dona do restaurante Casa de Vó Comida e Afeto, em Brasília (DF). Aberto em dezembro de 2019, o negócio precisou se reinventar para sobreviver à pandemia. “Foi um período muito difícil e desafiador. Pensei em fechar várias vezes, mas, graças à ajuda de familiares e amigos, a gente conseguiu resistir”, conta. O apoio do Sebrae foi decisivo: “A consultora Karyna Farias foi excelente. Por três meses, me ajudou a identificar os pontos fracos e quais as medidas para a gente melhorar no restaurante.”
Hoje, o empreendimento emprega oito pessoas, todas registradas. Raquel prioriza contratar moradores da Vila Planalto. “Primeiro, para a qualidade de vida da equipe, pois não precisa passar horas dentro do ônibus. E, segundo, para fomentar a economia no bairro”, explica. Além disso, o restaurante abre espaço para quem nunca teve uma oportunidade formal: “Aqui fazemos os treinamentos e ensinamos a pessoa a trabalhar na área em que foi contratada. Eu prefiro alguém que compartilhe dos valores da empresa do que alguém com experiência, mas que não se encaixa na equipe.”
A mesma lógica inspira Joana Peixoto, da Macaron Nube Confeitaria, também em Brasília. “A gente não tem problema se a pessoa não tiver experiência. Na verdade, às vezes até preferimos contratar quem está mais cru, sem muitos vícios de trabalho anterior, para treinar do jeito que acreditamos ser o melhor para a empresa”, afirma. Criada inicialmente como MEI em 2018, a confeitaria cresceu e hoje possui duas lojas e oito funcionárias, muitas delas mulheres jovens com menos de 30 anos.
Dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) confirmam que o Brasil registrou em 2024 o maior índice de empreendedorismo dos últimos cinco anos, com destaque para mulheres e pessoas acima de 55 anos. Para o Sebrae, isso mostra uma mudança de perfil: mais empreendedores estão abrindo negócios por oportunidade, e não apenas por necessidade.
Além da capacitação, o acesso ao crédito é um dos principais gargalos para o setor. Segundo Décio Lima, o mercado vive um momento promissor desde 2020, impulsionado pelo Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). “Em 2024, realizamos um aporte de R$ 2 bilhões no Fampe, que vai possibilitar a concessão de R$ 30 bilhões em crédito para os pequenos negócios nos próximos anos”, explicou o presidente do Sebrae.
Neste domingo (5), Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, a entidade promove a campanha Compre do Pequeno, iniciativa que busca valorizar o papel dos empreendedores locais. A ação reforça que, ao escolher comprar em um pequeno negócio, o consumidor fortalece a economia da própria comunidade, ajuda a criar empregos e estimula o desenvolvimento do país.