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      Mulheres empreendedoras investem mais em estudo, mas ainda ganham menos que homens, mostra pesquisa

      Levantamento da MaisMei revela que, apesar de maior nível de escolaridade, mulheres MEI faturam menos e enfrentam barreiras estruturais no mercado

      (Foto: Reprodução/Freepik )
      Aquiles Lins avatar
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      247 - O Brasil celebrou neste domingo (17) o Dia Nacional da Mulher Empresária, uma data voltada para valorizar o papel do empreendedorismo feminino e chamar atenção para os desafios enfrentados por mulheres que decidem abrir o próprio negócio. Segundo levantamento realizado pela plataforma MaisMei, especializado na gestão de microempreendedores individuais (MEI), a desigualdade de gênero também se reflete nesse setor, mesmo quando as mulheres apresentam maior nível de escolaridade.

      De acordo com os dados divulgados pela MaisMei, entre os microempreendedores individuais no país, 22,2% das mulheres têm ensino superior completo, contra apenas 8,8% dos homens. No entanto, essa qualificação extra não se traduz em maior remuneração: apenas 16,3% delas conseguem faturar mais de R$ 4 mil por mês, enquanto entre os homens o índice chega a 33,1%. O abismo se amplia nos rendimentos acima de R$ 6 mil, faixa em que 11,3% dos homens estão inseridos, contra apenas 4,9% das mulheres.

      “Considerando o número de profissionais brasileiros que atuam a partir de um CNPJ MEI, cerca de 16 milhões, percebemos que o nível de desigualdade de faturamento em termos de gênero também é grande fora das grandes empresas em que mulheres recebem menos realizando as mesmas funções”, avalia Kályta Caetano, contadora especialista em MEI na MaisMei. Ela acrescenta: “É possível encontrar algumas justificativas como as áreas de atuação predominantes entre homens e mulheres, mas ainda assim é uma proporção preocupante se pensarmos que as empreendedoras investem mais no preparo profissional”.

      O perfil das microempreendedoras

      Segundo a pesquisa, a maioria das mulheres MEI se declara negra, tem entre 35 e 44 anos e concluiu o ensino médio. O setor de comércio e vendas é o mais representativo, concentrando 27,8% das empreendedoras. Em relação ao faturamento, 23,2% recebem até R$ 2 mil mensais e 26,6% ficam na faixa de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Atualmente, elas representam cerca de 44% do total de microempreendedores no país.

      A jornada dupla das mulheres MEI

      Um dos fatores que mais impactam a desigualdade, segundo Caetano, é a sobrecarga de responsabilidades. “Quanto à dedicação ao MEI, os homens tendem a investir mais horas semanais em seus negócios do que as mulheres, que frequentemente cumprem jornadas mais curtas, pois não há igualdade na atribuição das tarefas domésticas. Ou seja, as mulheres são praticamente obrigadas a buscar o equilíbrio entre vida e trabalho, resultando em uma jornada dupla”, explica.

      Essa realidade também foi confirmada pela pesquisa “Panorama do Empreendedorismo Feminino no Brasil”, realizada pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP). O estudo aponta que as responsabilidades familiares reduzem em 17% o tempo que as mulheres conseguem dedicar aos seus negócios. Outro entrave é o acesso ao crédito: 42% delas tiveram pedidos negados, muitas vezes por preconceito de gênero, ausência de garantias ou histórico de crédito insuficiente.

      Avanços e desafios

      Para a especialista da MaisMei, o esforço das empreendedoras brasileiras precisa ser mais reconhecido. “Esses dados evidenciam a importância de criar ambientes que facilitem o acesso a recursos como crédito e redes de apoio, com foco em capacitação e desburocratização. É fundamental que o mercado promova igualdade de oportunidades, valorizando o mérito individual e incentivando a competitividade, sem intervenções excessivas”, destaca Caetano.

      O levantamento “O Corre do MEI” ouviu 5.640 microempreendedores usuários da plataforma, alcançando um nível de confiança de 99% e margem de erro de 2%.

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