Inadimplência se mantém alta apesar de leve queda percentual em maio

247 - Mesmo com uma leve redução percentual, a inadimplência segue elevada no Brasil. Segundo dados divulgados pela Multiplike, no relatório de maio do Índice Multiplike de Devedores (IMD), o índice de inadimplência caiu para 10,37%, influenciado pelo crescimento da carteira total de direitos creditórios. No entanto, o valor absoluto de dívidas vencidas permaneceu praticamente inalterado: R$ 6,410 bilhões, ante R$ 6,417 bilhões registrados em abril.

A reportagem é baseada no levantamento do IMD, que acompanha a inadimplência em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) do tipo multicedente/multissacado. O índice revelou que, apesar da queda percentual, o cenário ainda é preocupante. Com os juros em patamar elevado, as empresas enfrentam dificuldades para honrar compromissos financeiros, o que pressiona a taxa de inadimplência, especialmente em prazos mais longos.

Das seis faixas de vencimento analisadas no relatório, quatro apresentaram aumento na inadimplência. O crescimento mais expressivo ocorreu na faixa de 91 a 180 dias, que saltou de 10,10% em abril para 14,42% em maio. Também houve alta significativa na faixa acima de 360 dias, que passou de 13,09% para 16,23%. Essas faixas, somadas, representam 24,94% do total de direitos creditórios vencidos.

Por outro lado, o relatório indica melhora nos vencimentos de curto prazo. A inadimplência em títulos com até 30 dias de atraso caiu de 45,07% em abril para 38,58% em maio. A faixa de 61 a 90 dias também apresentou recuo, passando de 8,86% para 5,83%. Esses movimentos sugerem um alívio momentâneo no curto prazo, mas a preocupação persiste no médio e longo prazos.

Em relação ao volume total de ativos, o patrimônio líquido dos FIDCs multicedente/multissacado alcançou R$ 64,1 bilhões em maio. Desse montante, R$ 61,8 bilhões estão lastreados em direitos creditórios — praticamente a totalidade da carteira. A análise considera 352 fundos, número superior aos 341 incluídos no relatório anterior.

A Multiplike também divulgou dados sobre sua própria carteira de crédito, que apresenta inadimplência significativamente inferior à média de mercado. Apenas 2,37% dos seus títulos estão vencidos, e 99,15% desses vencimentos ocorreram há menos de 30 dias. Para o CEO da empresa, Volnei Eyng, esse desempenho está diretamente relacionado à robustez dos mecanismos de análise de crédito. “Nós conseguimos isso porque investimos muito em tecnologia e pessoas qualificadas na análise de crédito, além do nosso histórico de mercado”, afirmou.

O IMD tem como objetivo oferecer uma visão clara sobre a saúde das operações de crédito no país, monitorando a inadimplência desde janeiro de 2022. A ferramenta é considerada estratégica para avaliar riscos e tendências no mercado de fomento mercantil.