Décio Lima defende agricultura sustentável como chave para ampliar presença do Brasil no comércio global

247 - A sustentabilidade não é mais uma opção — é um caminho sem volta para quem deseja competir no mercado global. Essa foi a principal mensagem do presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, em entrevista concedida durante o Ciclos 2025, evento realizado em Brasília. A fala foi publicada pelo portal do Sebrae MT. Segundo Lima, o Brasil está conquistando novos mercados justamente por adotar uma postura firme de compromisso ambiental, o que, para ele, representa uma vantagem estratégica para pequenos negócios e para o agronegócio nacional.

“O mundo não aceita mais relações comerciais com economias que agridem o meio ambiente”, afirmou o dirigente. “O Brasil ganha mercados internacionais, territórios, neste outro conceito, que também não tem mais volta, de uma economia globalizada.” Ele destacou que o agronegócio brasileiro só poderá ampliar sua atuação no exterior se incorporar práticas sustentáveis em todas as etapas da produção.

Durante a entrevista, Décio Lima ressaltou o valor do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre o Sebrae e o Ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, essa parceria consolida a sustentabilidade como eixo permanente das políticas públicas voltadas aos pequenos negócios. “Essa parceria é uma afirmação do compromisso com um modelo econômico sustentável, capaz de garantir renda e oportunidades para milhões de brasileiros”, afirmou.

O Ciclos – Congresso Internacional sobre Sustentabilidade para Pequenos Negócios — realizado nos dias 7 e 8 da semana passada, no auditório do Sebrae Nacional — é um dos eventos preparatórios para a participação do Sistema Sebrae na COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, prevista para novembro em Belém (PA). A iniciativa também integra as comemorações dos 50 anos do Sebrae Mato Grosso.

Pequenos negócios e o novo modelo econômico

Ao ser questionado se os custos da adaptação à nova economia poderiam ser um obstáculo para os pequenos empreendedores, Décio Lima refutou a ideia. “Sustentabilidade não é um ônus, é uma vantagem estratégica”, frisou. Ele lembrou que o Brasil tem uma biodiversidade única no planeta, o que representa um ativo poderoso no cenário internacional. “Só o Brasil tem seis biomas. Se não tivéssemos a Amazônia, seríamos um país economicamente muito menor.”

Para Lima, a sustentabilidade deve estar presente desde a criação de qualquer negócio, seja na agricultura, na indústria, no comércio ou nos serviços. “Somos nós, do Sebrae, que representamos a porta dos sonhos de milhões de brasileiros. Mas sonhos que se transformam em renda e negócios”, disse. “Vamos ter o conceito da sustentabilidade permanente em todas as ações que nós produzimos no território brasileiro e em todos os nossos programas.”

Agronegócio: credibilidade e novos mercados

A sustentabilidade, segundo o presidente do Sebrae, não é um entrave ao agronegócio — ao contrário, é o que dará legitimidade e expansão à produção brasileira. “Se você imaginar uma produção, mesmo de commodities, lá no Mato Grosso, sendo levada para a Europa, Estados Unidos ou Ásia, ela precisa ter a garantia de ser originária de uma economia sustentável. Caso contrário, ela não alcança esses mercados”, explicou. Ele aponta os marcos regulatórios internacionais e os compromissos com o meio ambiente como requisitos inegociáveis.

“Ganância não tem vez mais”

Na parte final da entrevista, Lima fez uma defesa apaixonada da economia com responsabilidade social e ambiental. “A economia não pode ser só vista como uma acumulação veloz da riqueza. Ela tem que ser vista como um processo que dê garantia a toda a humanidade e renda ao nosso povo”, afirmou. E concluiu com uma frase simbólica: “Ganância não tem vez mais, porque o amor venceu”.