Comunidade LGBTQI+ lidera uso de tecnologia e Inteligência Artificial nos pequenos negócios

247 - Empreendedores da comunidade LGBTQI+ estão na vanguarda da digitalização dos pequenos negócios no Brasil. De acordo com a pesquisa “Transformação Digital nos Pequenos Negócios”, divulgada pelo Sebrae, 73% desses empresários utilizam ferramentas de Inteligência Artificial (IA) em suas atividades — um percentual expressivamente superior aos 44% registrados entre os demais donos de negócios no país.

Os dados apontam para um nível mais elevado de inclusão digital entre empreendedores LGBTQI+, não apenas no uso da IA, mas também em outras tecnologias. Conforme a pesquisa, 86% utilizam computadores regularmente em seus negócios, proporção que supera em nove pontos percentuais os empreendedores heterossexuais.

Para Márcio Borges, analista de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae, o resultado revela a capacidade da comunidade em explorar novas oportunidades. “A IA é uma tecnologia emergente, e seu alto índice de adoção por parte da comunidade LGBTQI+ sugere uma vanguarda na exploração de ferramentas inovadoras nesses pequenos negócios”, avalia.

O estudo também mostra que a comunidade LGBTQI+ se destaca na adoção de aplicativos digitais em diferentes categorias. Ferramentas para otimizar ou melhorar imagens são usadas por 78% desses empresários, contra 53% dos heterossexuais. O uso de soluções como o ChatGPT e outros programas de textos generativos atinge 69%, em comparação com 52% dos demais, enquanto ferramentas de geração de imagens digitais são adotadas por 62% dos empreendedores LGBTQI+, frente a 44% dos heterossexuais.

Outro dado relevante está relacionado à busca por conhecimento. Segundo a pesquisa, 70% dos empresários LGBTQI+ realizaram cursos on-line, enquanto entre os heterossexuais essa taxa é de 57%.

Borges atribui esses resultados a uma confluência de fatores sociais e comportamentais. “Historicamente, a comunidade LGBTQI+ muitas vezes enfrentou e ainda enfrenta desafios de aceitação e discriminação em espaços físicos. O ambiente digital oferece um refúgio e um espaço seguro para a construção de redes de apoio, comunidades e identidades”, afirma.

Essa familiaridade precoce com o mundo digital contribuiu para o desenvolvimento de habilidades tecnológicas, segundo ele. “A necessidade de conexão pode ter impulsionado um maior uso de ferramentas digitais desde cedo, transformando o ambiente on-line em um espaço natural para a interação social e, consequentemente, para o desenvolvimento profissional.”

A digitalização, além de ampliar horizontes, é também uma estratégia de inclusão econômica. “Ela permite que empreendedores LGBTQI+ operem seus negócios independentemente da localização geográfica, o que pode ser particularmente vantajoso para quem vive em regiões menos tolerantes ou com menos oportunidades. O ambiente on-line oferece um campo de atuação mais amplo e menos restritivo, onde a identidade e a orientação sexual podem ser menos um obstáculo e mais um diferencial”, conclui Borges.

A pesquisa do Sebrae evidencia, assim, como a tecnologia tem sido uma aliada importante para empreendedores LGBTQI+ na construção de trajetórias mais autônomas, seguras e inovadoras no universo dos pequenos negócios.