Brasil e Nigéria firmam acordo para fortalecer pequenos negócios e ampliar comércio bilateral
Parceria assinada em Brasília prevê cooperação em 14 áreas estratégicas, incluindo estímulo ao empreendedorismo e geração de empregos inclusivos
247 - Brasil e Nigéria reforçaram nesta segunda-feira (25) sua aproximação econômica com a assinatura de um Memorando de Entendimento voltado para 14 áreas estratégicas, entre elas o apoio ao empreendedorismo e ao fortalecimento dos pequenos negócios. O acordo foi firmado em Brasília durante o Fórum Empresarial Brasil-Nigéria e contou com a participação de cerca de 200 empresários e investidores dos dois países.
O documento foi assinado pelo Sebrae, pela ApexBrasil e pela Agência de Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas da Nigéria (SMEDAN), em cerimônia que teve a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Para ele, a parceria representa uma nova etapa nas relações bilaterais: “Temos uma avenida de oportunidades de trabalho e investimentos. O comércio já foi maior, mas no último ano aumentou 20% e a tendência é crescer mais fortemente. São dois países-irmãos. Vamos superar o Atlântico e trabalhar juntos em benefício das nossas populações. Desenvolvimento é o novo nome da paz”, declarou.
Ao destacar a relevância da iniciativa para as pequenas empresas, o presidente do Sebrae, Décio Lima, ressaltou as semelhanças econômicas entre os dois países. “A Nigéria tem um retrato muito parecido com o do Brasil. 85% das empresas de lá são pequenos negócios e produzem quase 50% do PIB. No Brasil, no ano passado, foram criados 1,7 milhão de empregos e 1,3 milhão são originários da pequena economia. Então, é uma relação fundamental, porque é inclusiva, distribui renda e fortalece aquilo que é mais importante nessa conjuntura, que foi tirar milhões de brasileiros do Mapa da Fome”, afirmou.
Décio Lima também celebrou a visita da comitiva nigeriana à sede do Sebrae Nacional. “Aqui estão visitando a história de construção do nosso país e do nosso povo. O Brasil pertence a vocês também”, disse.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, avaliou o encontro como um marco para a inserção internacional do Brasil: “Não tenho nenhuma dúvida de que a Nigéria, que deverá ter uma população maior do que a da China em algumas décadas, é um endereço importante para a cooperação, para a aproximação estratégica do Brasil com o continente africano. Além disso, o país agora também é parte especial dos BRICS, então é um momento muito especial”, destacou.
A ministra da Indústria, Comércio e Investimento da Nigéria, Jumoke Oduwole, comemorou os acordos bilaterais: “A Nigéria continua como uma terra propícia para o comércio com as empresas brasileiras. Estamos dedicados para fortalecer esse ambiente e promover mais atividades econômicas entre as nossas nações”, afirmou.
O acordo inclui cooperação em setores como agronegócio e desenvolvimento agroindustrial, economia criativa, inovação e transformação digital, promoção de investimentos e acesso a mercados.
Pela manhã, a comitiva nigeriana participou da recepção oficial no Palácio do Planalto, onde os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Bola Tinubu assinaram outros cinco atos bilaterais nas áreas de cultura, serviços aéreos, defesa, tecnologia e diálogo político. “Neste momento, em que ressurgem o protecionismo e o multinacionalismo, Nigéria e Brasil reafirmam sua aposta no livre comércio e na integração produtiva”, declarou Lula.
Tinubu, por sua vez, destacou o caráter estratégico da aproximação: “Transferência de tecnologia, energia e economia são temas que podemos compartilhar e beneficiar os dois países e ampliar as oportunidades para todos”, disse.
Em 2024, Brasil e Nigéria celebram 65 anos de relações diplomáticas. A Nigéria foi o quarto maior parceiro comercial do Brasil no continente africano em 2023, com fluxo de comércio bilateral de US$ 2 bilhões — alta de 20% em relação ao ano anterior. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil estão açúcares e melaços, enquanto fertilizantes, petróleo e derivados dominam as importações.