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Vendas no varejo da China crescem 6,4% em maio e superam previsões de analistas

Impulsionado por feriados e estímulos ao consumo, desempenho chinês desafia cenário externo e reforça papel do mercado interno como motor da economia

Turistas visitando a área cênica de Fuzimiao, em Nanquim, província de Jiangsu, no leste da China (Foto: Xinhua)
Luis Mauro Filho avatar
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247  - As vendas no varejo da China avançaram 6,4% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, alcançando 4,13 trilhões de yuans (cerca de US$ 575 bilhões). 

Os dados, divulgados nesta segunda-feira (17) pelo Departamento Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), revelam o maior ritmo de crescimento desde dezembro de 2023 e ficaram acima das projeções das principais agências internacionais, como Bloomberg, Wall Street Journal e Reuters.

O desempenho superou as expectativas de mercado, que giravam entre 4,9% e 5%. A expansão foi 1,3 ponto percentual superior à observada em abril. Segundo o porta-voz do NBS, Fu Linghui, o avanço foi impulsionado pelo aumento do consumo durante os feriados do Dia do Trabalho e do Festival do Barco-Dragão, pelo sucesso da campanha promocional do festival "618", e pela política de renovação de eletrodomésticos e bens duráveis, que permitiu a troca de produtos antigos por novos.

Consumo como motor da retomada

“O consumo tem se consolidado como a principal força motriz do crescimento econômico chinês, superando os investimentos e as exportações”, afirmou Yang Delong, economista-chefe do First Seafront Fund, com sede em Shenzhen, ao jornal estatal Global Times.

A análise foi reforçada por Wang Peng, pesquisador da Academia de Ciências Sociais de Pequim, que destacou o papel das medidas macroeconômicas contracíclicas adotadas pelo governo. “Políticas fiscais e monetárias coordenadas fomentaram os investimentos em infraestrutura e em setores industriais emergentes”, disse. Para ele, a recuperação nas relações comerciais com os Estados Unidos também contribuiu para elevar a confiança do empresariado e estimular a atividade econômica.

Estabilidade diante de incertezas externas

Embora o segundo trimestre tenha sido marcado por tensões comerciais entre China e Estados Unidos, o cenário interno apresentou estabilidade. O professor Cong Yi, da Escola de Administração de Tianjin, avaliou que o acordo de princípio firmado entre os dois países e a suspensão temporária de tarifas por 90 dias ajudaram a reduzir a volatilidade e criar um ambiente mais previsível para os mercados.

Fu Linghui acrescentou que o desempenho de maio reflete “produção estável, expansão da demanda, melhora nos indicadores de emprego e crescimento sustentado de novos motores econômicos”. Ele também ressaltou os efeitos positivos da primeira reunião do mecanismo bilateral de consulta econômica e comercial, que consolidou os consensos obtidos nas conversas de Genebra e entre os presidentes das duas nações no início de junho.

Indústria e inovação sustentam crescimento

Além do varejo, outros indicadores também apontaram resiliência. A produção das indústrias com faturamento superior a 20 milhões de yuans cresceu 5,8% na comparação anual. Já os investimentos em ativos fixos subiram 3,7%.

O setor manufatureiro de alta tecnologia teve expansão de 8,6%, enquanto a produção de bens digitais saltou 9,1%, superando com folga a média da indústria. Segundo Fu, esses dados refletem o avanço da China na modernização industrial, ancorada na inovação e em novos setores estratégicos, como energia limpa e economia digital.

Apesar da desaceleração no comércio com os Estados Unidos e da queda nas exportações de produtos intensivos em mão de obra, a corrente de comércio se diversificou. Houve crescimento nas transações com países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e com parceiros da Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road), além de aumento nas exportações de produtos de alta tecnologia.

“Esses fatores comprovam a resiliência da economia chinesa e sua capacidade de adaptação, apoiada por um sistema industrial completo e por sua escala continental”, avaliou Fu.

Previsões para o semestre

Fu indicou que a economia chinesa teve um bom início de ano e, mesmo diante de choques externos no segundo trimestre, manteve bases sólidas e políticas eficazes. A expectativa, segundo ele, é de estabilidade e progresso contínuo ao longo do primeiro semestre.

Contudo, Yang Delong alertou para possíveis impactos negativos das tarifas nos próximos meses. “Num ambiente internacional complexo, é essencial fortalecer a demanda interna para assegurar o crescimento do PIB ao redor de 5% em 2025”, afirmou.

Cong Yi também chamou atenção para o papel estratégico do mercado interno, sustentado por uma população numerosa e em grande parte de renda média. “Essa base é crucial para amortecer os efeitos de choques externos”, explicou.

Diante dos desafios globais, Fu Linghui concluiu que a prioridade do país é “manter o foco nas próprias metas, reforçar os estímulos internos e responder às incertezas com crescimento de qualidade”.

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