"Queremos que o povo suba um degrau na escala social", diz Lula ao anunciar novo modelo de crédito habitacional
Mudança no sistema de financiamento imobiliário amplia acesso da classe média à casa própria e moderniza o uso da poupança como fonte de crédito
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira (10), em São Paulo (SP), um novo modelo de crédito habitacional que moderniza o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), amplia o volume de recursos disponíveis para o setor e fortalece o acesso da classe média à moradia digna.
“As coisas acontecem nesse país quando você tem um governo que tem vontade de ouvir e, ao ouvir, tem vontade de fazer as coisas andarem para frente. A necessidade é continuar fazendo política de inclusão social, para que as pessoas subam um degrau a mais na escala social, e a gente crie uma sociedade de classe média”, afirmou Lula.
Segundo o presidente, o objetivo da medida é adequar o crédito à realidade econômica das famílias, respeitando sua dignidade. “É para isso que foi criado esse programa”, completou.
Novo modelo de crédito e maior eficiência no uso da poupança
Atualmente, 65% dos depósitos da poupança devem obrigatoriamente ser aplicados em crédito imobiliário, 20% são recolhidos ao Banco Central e 15% têm uso livre pelos bancos. Com o novo modelo, o volume de depósitos determinará o montante de crédito habitacional disponível, tornando o sistema mais eficiente, estável e sustentável.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou que a medida também fortalece a política monetária.
“Ao liberar recursos da poupança para investir em ativos mais líquidos e usar recursos de mercado para financiar o imobiliário, a gente melhora a estabilidade e fortalece a potência da política monetária”, disse.
A transição será gradual até 2027, quando o direcionamento obrigatório de 65% dos depósitos da poupança será encerrado. O total depositado continuará servindo de referência para os bancos determinarem o volume destinado ao crédito habitacional.
Impacto para famílias e para o setor da construção
O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que a reformulação expande o acesso da classe média ao crédito habitacional e gera empregos no setor da construção civil.
“Essa é uma alteração histórica no sistema de financiamento habitacional. Só a Caixa Econômica Federal vai aumentar em 80 mil novos financiamentos, com juros de até 12% ao ano”, afirmou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que o novo modelo é resultado de um trabalho conjunto entre governo e setor financeiro:
“O Banco Central apresentou um modelo estrutural que canaliza o dinheiro mais barato da economia para a construção civil, garantindo sustentabilidade e segurança ao sistema”, disse.
O presidente da Abrainc, Luiz França, avaliou que a mudança amplia a concorrência e a oferta de crédito, beneficiando “centenas de milhares de famílias da classe média que poderão realizar o sonho da casa própria”.
Nova linha de crédito para famílias de baixa renda
Em complemento, o governo lançou uma nova linha de crédito para reforma de moradias populares, dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida.
A iniciativa oferece financiamentos entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, com juros reduzidos e prazo de 24 a 60 meses, voltados a famílias com renda de até R$ 9.600 mensais.
O programa se divide em duas faixas:
- Faixa Melhoria 1 – renda até R$ 3.200, com juros de 1,17% ao mês;
- Faixa Melhoria 2 – renda entre R$ 3.200 e R$ 9.600, com 1,95% ao mês.
O objetivo é combater a inadequação habitacional e permitir reformas que melhorem segurança, salubridade e conforto das moradias.
“Mais casa, mais emprego para a população”
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, ressaltou o efeito multiplicador da iniciativa:
“Estamos modernizando o sistema brasileiro de poupança e empréstimo. Isso vai significar mais casas e mais empregos para a população”, afirmou.
O novo modelo de crédito é visto pelo governo como um passo decisivo para fortalecer a classe média, gerar crescimento sustentável e retomar o protagonismo da construção civil na economia nacional.


