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Ibovespa renova recorde e dólar cai com otimismo generalizado

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,31%, a 147.428,9 pontos

Uma pessoa observa tela com informações sobre as flutuações recentes dos índices de mercado na Bolsa de Valores B3, em São Paulo- 5 de agosto de 2024 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

247 - O Ibovespa avançou pelo quinto pregão seguido nesta terça-feira (28), renovando máxima de fechamento, com Vale entre os principais suportes, apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro e discurso positivo do CEO, assim como MBRF, ainda embalada por acordo envolvendo fundo soberano saudita. As informações são da agência Reuters: 

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,31%, a 147.428,9 pontos, fechando acima dos 147 mil pela primeira vez e superando o recorde de fechamento registrado na véspera, de 146.969,10.

No melhor momento do dia, o Ibovespa chegou a 147.810,55 pontos, sem conseguir superar o topo intradia também apurado na segunda-feira, de 147.976,99 pontos. Na mínima, registrou 146.574,67 pontos.

Wall Street também renovou máximas históricas, com o S&P 500 fechando em alta de 0,23%, a 6.890,89 pontos, com o noticiário corporativo ocupando as atenções, enquanto agentes financeiros se preparam para a decisão do banco central norte-americano na quarta-feira.

"Após o corte de 25 pontos-base em setembro, esperamos nova redução de 25 pb, em linha com as expectativas de mercado, o que levará a Fed Funds para abaixo de 4% pela primeira vez desde 2022", afirmaram os economistas Luiza Paparounis e Francisco Lopes, do BTG Pactual.

"Esta reunião será particularmente incomum, pois marca a primeira vez na história em que o Fed se reúne sem acesso a novos dados oficiais de emprego devido à paralisação do governo americano", afirmaram em relatório enviado a clientes nesta terça-feira.

O governo dos EUA interrompeu grande parte de suas operações em 1º de outubro, o que afetou a publicação de dados econômicos, depois que republicanos e democratas falharam em chegar a um acordo para prorrogar o financiamento após o fim do ano fiscal federal em 30 de setembro.

De acordo com o sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, o pregão foi marcado pela espera da decisão do Federal Rserve, com o mercado "extremamente positivo" quanto à expectativa de novo corte dos juros norte-americanos.

Na cena doméstica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta que, se necessário, o governo pode enviar ao Congresso Nacional uma proposta complementar ao projeto de isenção do IR para quem ganha até R$5 mil mensais para evitar perda de receitas e garantir a neutralidade fiscal da medida.

DESTAQUES

- VALE ON avançou 0,88%, endossada pela alta dos futuros do minério de ferro na China. O presidente-executivo da mineradora, Gustavo Pimenta, também afirmou nesta terça-feira que a Vale deve retomar neste ano a posição de maior mineradora de ferro -- perdida para a australiana Rio Tinto após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) em 2019. Ele acrescentou que a Vale segue muito construtiva em relação à demanda de minério de ferro no longo prazo.

- MBRF ON disparou 15,63%, ainda embalada pelo acordo de investimento assinado pela sua subsidiária integral BRF GmbH com a Halal Products Development Company (HPDC), do fundo soberano da Arábia Saudita (PIF). O acordo prevê impulsionar uma joint venture chamada BRF Arabia, permitindo a formação da maior companhia de frango halal do mundo. Analistas veem potencial geração de valor relevante com o acordo e fortalecimento da presença da empresa no mercado halal.

- EMBRAER ON subiu 3,1%, a R$89,37, renovando máximas de fechamento e intradia (R$89,86), no quarto pregão seguido de alta. A Reuters noticiou, citando fontes do setor, que a Airbus atrasou a montagem de alguns de seus jatos A220 neste ano e no próximo, e pode atingir sua meta de 2026 de produzir 14 aviões A220 por mês apenas nas últimas semanas de tal ano. O A220 é o avião da Airbus que concorre com a linha E2 da fabricante brasileira.

- PETROBRAS PN cedeu 0,03%, em dia de declínio dos preços do petróleo no exterior. A companhia divulgou nesta terça-feira que o FPSO Almirante Tamandaré, que opera no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, atingiu a vazão recorde, enquanto a CEO da estatal, Magda Chambriard, afirmou que Búzios pode dobrar produção nos próximos anos. Segundo a executiva, o plano de negócios da companhia será divulgado no dia 27 de novembro.

- SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 0,14% antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre na quarta-feira, antes da abertura do mercado. BRADESCO PN, que reporta seu resultado trimestral após o fechamento na quarta-feira, terminou com variação positiva de 0,05%. Ainda no setor, ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,34% e BANCO DO BRASIL ON terminou com elevação de 0,53%.

- C&A MODAS ON caiu 3,32%, em sessão mais negativa para o setor, com LOJAS RENNER ON recuando 1,62%, enquanto o índice de consumo da B3, que tem na sua composição as ações da MBRF, caiu 0,11%.

- EQUATORIAL ON encerrou com declínio de 3,19%, após divulgar na noite da véspera prévia operacional mostrando que a energia injetada total da companhia cresceu 3,1% no terceiro trimestre, para 18.328 GWh. A energia faturada + compensada, por sua vez, aumentou 2,6%, para 14.112 GWh, enquanto a energia distribuída teve avanço de 3,3% no período, para 15.007 GWh. O índice do setor elétrico na B3 fechou o pregão com variação negativa de 0,8%.

- AUREN ENERGIA ON caiu 6,12%, em pregão de ajustes, mais do que devolvendo a alta da véspera e reduzindo a valorização acumulada em outubro que somava quase 15% até a segunda-feira.

Dolar 

O dólar oscilou em margens estreitas e fechou perto da estabilidade no Brasil nesta terça-feira, com investidores mantendo posições antes da decisão sobre juros do Federal Reserve, na quarta-feira, e das negociações comerciais entre EUA e China, na quinta-feira.

A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,19%, aos R$5,3605. No ano, a divisa acumula queda de 13,25%.

Às 17h02, na B3, o dólar para novembro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- caía 0,33%, aos R$5,3660.

No exterior, o dia foi de sinais mistos para o dólar ante as divisas pares do real: alta ante a lira turca e o peso chileno, mas baixa ante o rand sul-africano -- em movimentos contidos, assim como visto no Brasil.

A expectativa para a reunião de quarta-feira do Federal Reserve permeava os negócios, com os agentes esperando um corte de 25 pontos-base nos juros norte-americanos, mas à espera de pistas sobre o que virá depois.

Atualmente, a taxa de referência nos EUA está na faixa entre 4,00% e 4,25%. No fim da tarde, a ferramenta CME FedWatch mostrava que os ativos precificam 99,9% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros nos EUA nesta quarta. Além disso, há 90,8% de chance de corte de mais 25 pontos-base dezembro, enquanto as apostas para o encontro do fim de janeiro do Fed estão mais equilibradas: 48,3% para mais um corte de 25 pontos-base e 47,4% para manutenção.

Profissionais do mercado têm destacado que a perspectiva de mais cortes de juros nos EUA, somada à manutenção da Selic em 15% ao ano nos próximos meses, como vem indicando o Banco Central, favorece o fluxo de dólares para o Brasil, o que tem impactado as cotações.

“O país continua sendo um bom destino em busca de 'carry' (trade). Esse é o movimento que temos visto, inclusive, da bolsa batendo recordes”, comentou Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Mercados do BS2. “É um movimento de fraqueza do dólar global e, por outro lado, um carry positivo do lado brasileiro”, acrescentou.

Em operações de carry trade, investidores tomam empréstimos no exterior, onde os juros são menores, e aplicam no Brasil, onde o retorno é maior.

Outro ponto de atenção são as negociações comerciais dos Estados Unidos com a China. Na quinta-feira o presidente norte-americano, Donald Trump, vai se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, para discutir saídas para o embate comercial entre os países.

Neste cenário, o dólar à vista variou entre a máxima de R$5,3889 (+0,34%), às 9h16, e a mínima de R$5,3531 (-0,33%), às 15h20, para depois encerrar pouco acima disso.

No exterior, às 17h05 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,05%, a 98,713.